sábado, 3 de agosto de 2019

III. UNIÃO PELO CASAMENTO COM A FAMÍLIA AVES DE ARAÚJO

TSG “estudou primeiras letras na cidade natal”, segundo Davi Carneiro. e Túlio Vargas (53). Mas se o pai já estava morando em Paranaguá em 1856, o mais provável é que foi nessa cidade que ele fez os estudos elementares, e não em Antonina. Conforme registros do movimento (de passageiros) do porto de Paranaguá, sobre a entrada e a saída de navios, publicados pelo jornal “Dezenove de Dezembro”, o jovem TSG viajava para o Rio de Janeiro e Santa Catarina (Desterro). Em 1866, TSG, aos 12 anos, consta no jornal que ele vem do Rio de Janeiro acompanhado de Antônio Alves de Araújo, o comendador Araújo (54). Isso mostra a antiga ligação entre as famílias Soares Gomes e Alves de Araújo, desde quando TSG era bem novo (tanto sua 1ª esposa quanto a 2ª. pertencerão a essa família). Três meses depois daquele registro o mesmo jornal (“Dezenove de Dezembro”) noticia a partida de um navio para Desterro e TSG é novamente citado entre os passageiros. Numa época de precárias comunicações por terra, a ligação pelo mar entre os diversos núcleos urbanos da costa brasileira era constante. Também entre os do litoral paranaense e os demais, especialmente os de S. Paulo e Rio de Janeiro, além dos de Santa Catarina (55). Em 9 de dezembro de 1876, aos 22 anos, TSG casou em Antonina com D. Maria Rosa Cumplido, filha de Fanor Cumplido e de D. Hipólita Alves de Araújo Cumplido (56). Vincula-se assim, agora formalmente, a uma das mais importantes famílias da província—tanto economica como politicamente—reforçando os laços de amizade entre as duas famílias que, certamente, há muito já existiam, como indica o fato, apontado acima, do comendador Araújo ter acompanhado o jovem TSG, de 12 anos, em sua viagem de navio, do Rio de Janeiro a Paranaguá. Fanor Cumplido era natural de Montevideo e “grande industrial e exportador de erva-mate no Paraná”, segundo Francisco Negrão (57). Ele também podia executar obras para o governo da província, pois no ano anterior, 1875, segundo o “Dezenove de Dezembro”, Fanor Cumplido fora um dos onze “licitantes” que apresentaram proposta para a conservação e reconstrução de 98 km da estrada da Graciosa e ramais durante cinco anos. Os outros licitantes incluíam a Companhia Florestal Paranaense e o comendador Manoel Gonçalves de Moraes Roseira (58). D. Hipólita, a sogra de TSG, era filha do cap. Hipólito José Alves, na época, “talvez o maior capitalista da província, e cuja recente mudança para aquela cidade (Antonina) era considerada como um grande elemento para sua futura prosperidade”, segundo o seu obituário, publicado em 1857 no jornal “Dezenove de Dezembro” (59). D. Hipólita era irmã do comendador Antônio Alves de Araújo, do conselheiro Manoel Alves de Araújo, do brigadeiro Hipólito Alves de Araújo, do comendador Henrique Alves de Araújo, de D. Domitila Alves de Araújo (casada com o conselheiro Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá, chefe do Partido Liberal e ex-Ministro da Agricultura do Império), do coronel Joaquim Alves de Araújo, de D. Maria Rosa de Araújo, casada com Manoel de Leal Pancada, e de João, “morto sem descendência” (60). Assim, por esse casamento (e também pelo segundo, como veremos abaixo), TSG passa a ser sobrinho, por afinidade, do comendador Araújo, do conselheiro Araújo e do conselheiro Jesuíno Marcondes, os dois últimos ex-ministros do Império e pertencentes ao partido Liberal. Segundo David Carneiro, o comendador Antônio Alves de Araújo (1830-1888), nascido em Morretes, possuía, por volta de 1850, “a maior fortuna do Paraná nessa época”. Sua primeira esposa era “dona de quase toda a vila de Antonina e, em Morretes, de muitas terras adjacentes”. Foi deputado à Assembleia Provincial nos períodos 1856-57, 1868-69 e 1880-84 e vice-presidente da província em 1883 e 1885 (61). Seu irmão, o conselheiro Manoel Alves de Araújo (1836-1910), também nascido em Morretes, formou-se pela faculdade de Direito de S.Paulo. Militante do partido Liberal, foi deputado à Assembleia Provincial por várias legislaturas e deputado geral de 1878 até 1889, tendo sido secretário e presidente da Câmara. Além de 1º vice-presidente da província do Paraná, foi ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Império, em 1882 (62). Teófilo dedica sua peça “Os milagres de N.Sra. do Pilar” a ambos (ao Comendador e ao Conselheiro), chamados de “parentes”. Dedica também a peça ao “seu pai e amigo”. O conselheiro Jesuíno Marcondes (1827-1903), “chefe supremo do Partido Liberal no Paraná, nos anos de 1853 a 1889”, também foi deputado provincial e geral por várias legislaturas, vice-presidente da província do Paraná (exercia a presidência quando ocorreu a proclamação da República) e ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas em 1864-65 (63). Desse primeiro casamento de TSG nasceram cinco filhos, um dos quais foi o engenheiro civil Heitor Soares Gomes, eleito, em 1920, Prefeito Municipal de Antonina (64). Nessa cidade ele nasceu em 1º de setembro de 1888. Formou-se em Engenharia pela Escola Politécnica de S. Paulo (65). A primeira esposa de TSG deve ter falecido entre setembro de 1888 (parto de Heitor, o que poderia ter sido a causa do óbito) e o início de junho de 1890 (2º casamento dele). Considerando os dados citados, foram casados por aproximadamente 12 ou 13 anos. Em 7 de junho de 1890, o jornal “Sete de Março” traz uma pequena nota informando o casamento de TSG com D. Maria Rosa de Araújo (66), prima-irmã (homônima) da primeira esposa, pois ela era filha do comendador Henrique Alves de Araújo (1850-1915), irmão de D. Hipólita, nascido em Antonina, conforme nos informa a “Genealogia Paranaense” de Francisco Negrão. Desse 2º casamento de TSG resultou uma filha, Sara, que se casou em 1914 com Adolar Hengreville Hintze (67). O “Diário da Tarde” registrou o casamento deles, cujos padrinhos foram as principais lideranças políticas da época (Carlos Cavalcanti e Afonso Camargo), indicando a importância que TSG e seu filho Heitor detinham na política estadual no tempo da República Velha (68). No necrológio do comendador Henrique Alves de Araújo publicado em junho de 1915 no jornal “A República”, somos informados que ele era viúvo de D. Cherubina Marcondes Alves de Araújo, estudou na Alemanha e “foi grande fazendeiro e industrial neste Estado” (69). Em outra edição desse jornal, na seção “Telegramas”, consta um de Porto Amazonas, apresentando pêsames à família Alves de Araújo e “ao nosso prestigioso correligionário” cel TSG pelo falecimento do comendador Henrique Alves de Araújo (70). A esposa deste, D. Cherubina, falecera em maio de 1913, conforme o “Diário da Tarde” (71). Era sobrinha do conselheiro Jesuíno Marcondes (72).

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