sábado, 3 de agosto de 2019

VII. O POLÍTICO THEOPHILO

Certamente pela adoção de uma política conciliatória, Prudente de Moraes (que anistiou todos os revoltosos, como se antes), recebe o apoio de TSG, tornando-se líder da sua corrente política no Estado. Segundo “A República”, porque o jornal disse que “Theophilo Soares”, “hoje arvorado em chefe da grei prudentista”, não era paranaense, pois nascera em Santa Catarina, seu redator-chefe recebeu uma “récua de injúrias” publicadas pela “Gazeta do Povo” (167). O redator-chefe de “A República” era Vicente Machado. Os “Annaes” da Câmara dos Deputados relativos a 1897 contêm várias menções a TSG. Registram manifestação de Alencar Guimarães, opositor dos maragatos e contra Prudente de Moraes. No requerimento datado de 20 de julho de 1897 Alencar Guimarães, Brasílio da Luz e Lamenha Lins questionam a nomeação de TSG e outros para a Guarda Nacional, considerando que fizeram parte da Revolução Federalista (168). Em janeiro de 1898, “A República” publica uma nota, sob o título “Foguetes!!...”, relativa a um telegrama enviado pelo correspondente local ao “Jornal do Commercio” em que dá “notícia dos triunfos do Sr. Theophilo Soares” em excursão eleitoral, “dos vivas calorosos e das manifestações festivas” e também dá notícia de que “a contadoria do correio verificou um desfalque de 3:700$000 nas contas do ex-agente de Paranaguá, José Agostinho dos Santos”. A nota afirma que este cidadão é honesto, desmente tal desfalque e o explica “pelo desvio de dinheiro do correio feito no tempo dos revoltosos”. Trata-se assim de uma crítica sutil a TSG (também a menção, no fim da nota, ao fato de que o valor envolvido podia ter sido três vezes maior que ainda assim não afetaria a reputação de José Agostinho?) (169). Em 16 de março de 1898, uma matéria em “A República” mostra que TSG era um dos líderes da oposição no Estado (o governador então era José Pereira dos Santos Andrade) (170). O jornal publica uma nota de oficiais do Regimento de Segurança do Estado protestando contra um boato que então se propagava. Segundo o jornal, trata-se de “um calunioso boato, perversamente posto em circulação por inimigos da situação política dominante no Estado”. A nota protesta contra o boato de que oficiais do Regimento endereçaram um telegrama ao coronel Theophilo Soares Gomes pedindo a ele “conservação de sua estada no mesmo Regimento, caso o partido oposicionista passasse a dominar o Estado”. Subscrevem a nota 15 oficiais. O último da relação é o alferes Amadeu Munhoz, meio-irmão de meu bisavô Florêncio, pai de Arabela. Ainda em 1898, “A República” publica matéria hostil a TGS, chamando-o de “Jererê pintado”, uma referência sarcástica ao título de uma das peças teatrais de sua autoria (Jererê, ou Gererê, é um escravo de caráter nobre). Nessa matéria, sob o título “Eleição em Antonina”, ele é criticado nestes termos, certamente pelos partidários de Vicente Machado, que devem ter se situado em campos opostos nas eleições presidenciais desse ano: “O famoso Jererê pintado /.../ havia anunciado a céus e terras, com aquela entonação de ator de teatrinho de feira, que havia de ganhar por mundos e fundos, com uma maioria muito mais assombrosa do que os fios de cabelos pretos do seu bigode. Isso, porém, não se deu e, homem de vastos recursos, apelou para a fraude, mas tão descabelada e indecente, que só poderia mesmo provocar a admiração dos talentosos diretores da grei prudentista cá da terra. E, cousa interessante, entre os votantes do tabelião aparece até o próprio Jererê pintado! O caso porém é o seguinte, constante das duas certidões, abaixo publicadas: Perante o Tabelião declararam votos 67 eleitores; destes apenas três eram eleitores do município, dos quais dois /.../ votaram nas seções em que estavam qualificados! Brava gente!” (171). Na certidão do tabelião Antônio da Costa Ramos Flores de Antonina, datada de 17 de março de 1898, TSG é um dos 67 eleitores que votaram no dia 1º de março (eleição para presidente e vice-presidente da República). TSG residia em Antonina mas ao aproximar-se a data das eleições para presidente da república -- 1º de março de 1899 – deslocou-se a Paranaguá a fim de acompanhar de perto as eleições nessa cidade. O Partido Republicano Paranaense, liderado por Generoso Marques dos Santos – ao qual se vinculava TSG—apoia o candidato Campos Sales enquanto o Partido Republicano Federal de Vicente Machado apoia Lauro Sodré. Uma crônica do amigo Alberico Figueira, citada abaixo, é bastante reveladora do perfil psicológico de Theophilo e de sua vocação para a arte dramática. Ela narra uma história cômica em que TSG é o protagonista. Ele usa de um artifício para que o seu candidato ganhe as eleições em Paranaguá. Vendo que a tendência das eleições nessa cidade favorecia o candidato adversário, e sabendo que o cruzador “República”—um dos que integraram a esquadra do contra-almirante Custódio de Melo no ataque federalista de 1894 -- estava ancorado no porto, e que o comandante do cruzador “tivera uma forte discussão” com o Coronel Manuel Bonifácio Carneiro, TSG concebeu um plano para mudar o resultado previsto das eleições. Mandou alguém comprar potentes foguetes e enterrá-los na areia junto à baía, os quais, ao explodirem, produziam um “estampido ensurdecedor”. Ao mesmo tempo, TSG e o Coronel José Lobo “batiam apressadamente às residências dos chefes políticos pica-paus, prevenindo-os dos ‘perigos que corriam’ com o desembarque de forças da Marinha que o comandante do ‘República’ estava realizando, naturalmente por ordem superior, e que essa atitude se prendia às eleições que se iam realizar”. O artifício surte efeito, os políticos que apoiavam Lauro Sodré saem da cidade e o Coronel Bonifácio Carneiro chega a comprar passagem num vapor argentino e “transportar-se para Buenos Aires”. Mais tarde, após a apuração das eleições em Paranaguá, “o Coronel Teófilo Soares, todo lampeiro, atravessava as ruas da cidade, distribuindo sorrisos e deixando desprender dos lábios o fumo de seu charuto havana, depois de ter telegrafado ao Dr. Generoso Marques: ’Vencemos em toda linha. Viva Campos Sales!’” (172). Em princípios de maio de 1899, nota publicada em “A República” mostra que TSG foi indicado como candidato ao cargo de governador do Estado na chapa oposicionista: “O Congresso do partido (Republicano Paranaense, acrescento eu, DvE) em oposição ao governo do Estado, reunido no dia 30 último em casa do Dr. Generoso Marques, indicou aos sufrágios dos seus correligionários nas próximas eleições, para os cargos de Governador e Vice-Governadores, os Srs. Theophilo Soares Gomes, Dr. José dos Santos Pacheco e Telemaco Morocines Borba” (173). TSG era nessa época tão popular que foi até marca de cigarro (ele e seu adversário na política local). Conforme uma edição de “A República”, Guilherme King—negociante de fumos estabelecido à rua XV nº 94, em Curitiba – encaminhou requerimento à Junta Comercial para o registro de três marcas de cigarros: “Campos Salles”, “Theophilo Soares Gomes” e “Vicente Machado”. No caso de TSG consta no invólucro o seu retrato “sobreposto aos dizeres Theophilo Soares Gomes” e, abaixo destes, “Marca Registrada, assinalando a qualidade de fumo Caporal superior” aí contido (174). Em 22 de agosto de 1899, “A República” divulga os resultados (parciais) das eleições, realizadas no dia 20 nas vinte regiões do Estado, para governador, vice-governador e deputados ao Congresso Legislativo Estadual. Para governador, o Dr. Francisco Xavier da Silva, “advogado residente em Castro”, teve mais votos que o Coronel TSG, “negociante residente em Antonina”, em todas as regiões, exceto em Rio Negro (180 x 450) e Palmas (cid.) (43 x 147). No Litoral, TSG também perdeu, mas por pequena diferença—Antonina 177 x 173, Morretes 159 x 149. Em Curitiba o resultado foi 1192 x 437, e em Paranaguá, 388 x 91 (175). Em meados de setembro de 1899, “A República” ainda publica o resultado eleitoral “conhecido” até então, mais próximo dos números finais: Xavier da Silva obteve 9.260 votos. Theophilo Soares: 4.590. Assim, Xavier da Silva será o próximo governador, Vicente Machado o 1° vice-governador e Theodorico dos Santos o 2º vice-governador (176). No início do ano seguinte, em 9 de janeiro de 1900, “A República” (177) traz mais uma matéria hostil ao cel. Theophilo Soares, intitulado “Toujours le même...”. Consta aí que ele foi apresentado pelo seu partido a duas importantes candidaturas (governador e deputado federal). Mas foi mal sucedido eleitoralmente. O artigo afirma que ele devia ser mais responsável: “/.../ o homem jamais se esquece do efeito cênico das exibições teatrais, e dá ao corpo sempre a bombaleante compostura de um chefe de malta, de acanhadíssimas responsabilidades públicas, e com pouco amor pelo juízo público” O articulista não gostou de ver publicado um telegrama de Theophilo no “Paiz”, do Rio de Janeiro, “de 4 do corrente”, com este teor: “Curitiba 3. Resultado conhecido: senador maioria nossa 200, deputados 600; adversários desnorteados derrota (assinado) Theophilo Soares”. O autor do artigo qualifica esse ato de “capadoçagem indigna de um homem que disputa altas posições políticas; e que era muito mais decente remeter-se ao silêncio do que exibir-se tão tristemente desviado da verdade”. “Capadoçagem” significa, segundo o dicionário Aurélio, “ação de indivíduo capadócio”, e este último termo comporta duas acepções: 1) “Que tem maneiras acanalhadas” ou 2) “Impostor, trapaceiro, parlapatão”. Em 13 de janeiro de 1900, “A República” publica, sob o título “Antonina”, matéria que contém crítica ofensiva a Theophilo Soares, e racialmente preconceituosa, ao usar o termo “pardo” em seu ataque. Refere-se ao que foi publicado na “Gazeta” do dia 11, enviado de Antonina. Diz o artigo: já que ele “quer por força vir a debate e na sua ignorância julga-se no direito de ir utilizando adjetivos à vontade, não nos custa nada a dizer quem é capadócio e trampolineiro. Esse pardo que até a si mesmo quer enganar pintando de preto os bigodes brancos /.../ É costume de todo indivíduo boçal e que quer exibir-se na imprensa dar por paus e por pedras, sem pensar que paus e pedras lhes podem cair na cabeça /.../” A matéria ainda lembra a ele que, quando escrever, “não utilize a adjetivação de capadócio, trampolineiro, velhaco, porque não faz mais do que qualificar-se a si mesmo” (178). As linhas abaixo nos permitem sentir qual era o clima reinante nessa época dos partidários de Vicente Machado com relação a TSG. Em 23 de janeiro de 1900, “A República” transcreve esta nota publicada no “Jornal do Commercio”, do Rio de Janeiro, do dia 10 do corrente: “De Morretes recebemos o seguinte telegrama. Constando em Curitiba dia 4 chegada coronel Theophilo Soares, governador mandou postar estação estrada ferro numeroso grupo capangas armados garrucha e capitaneados pelos célebres assassinos Forquins com o fim desfeitearem aquele prestigioso chefe republicano e dar princípio projetada mazorca contra principais membros; oposição falhou plano por não ter subido Theophilo nesse dia”. (179) No comentário, o jornal refere-se à “mentirosa lábia dos valentes... de Gumercindo” e chama-os de “grandes pândegos”. Pela edição de 1º de fevereiro de 1900 do mesmo jornal, verificamos que TSG candidatou-se, sem sucesso, a deputado federal. Consta nele o resultado final da eleição, realizada em 31 de dezembro de 1899, de um senador e quatro deputados federais pelo Paraná. TSG ficou em 5º lugar na eleição para deputado federal, com 5.816 votos (o 1º lugar, João Cândido Ferreira, obteve 7.038 votos) (180). TSG, como muitos políticos de sua época, era maçom. Em julho de 1900, TSG “recebeu o grau 30, conferido pelo Grande Oriente do Brasil, tendo sido venerável de diversas lojas maçônicas”, como informa Sebastião Paraná (181). No ano anterior, ele é citado no periódico maçônico “Jerusalem”, onde se afirma que “o Pod. Ir. Theophilo Soares Gomes, digno Ven. da Loj. ‘Modestia’ de Morretes, encontra-se na Capital” (182). Durante 1901 não encontrei em “A República” nenhuma menção a TSG de maior importância. Mas no começo de 1902, mais precisamente na edição de 25 de janeiro (183), o editorial do jornal (cujo redator-chefe, conforme seu cabeçalho, continua sendo Vicente Machado) se indaga em quem votará a oposição paranaense na próxima eleição para presidente da República. Três de seus líderes, Generoso Marques, Joaquim Motta e David Carneiro, negam-se a apoiar Rodrigues Alves e o florianista general Quintino Bocaiúva (que combateu as “revoltas de 6 de setembro e do Rio Grande do Sul”, ou seja a Revolta da Armada e a Revolução Federalista), devendo apoiar Ubaldino do Amaral. Mas Theophilo Soares Gomes é favorável a Rodrigues Alves, candidato do “partido republicano que apoiou o sr dr Prudente de Moraes e ao qual se filiou a oposição paranaense”. “A República” felicita essa parcela da oposição que o apoia, pois também abraça tal candidatura. Como se vê, TSG nesse caso diverge de Generoso Marques, líder da oposição, a quem se aliara no tempo da Revolução Federalista contra Floriano Peixoto. Ao contrário de Generoso, ele apoia a candidatura de Rodrigues Alves à presidência da República. Aparentemente, foi esse fato que aproximou TSG de Vicente Machado, seu antigo adversário político, que também apoia tal candidatura. Em 6 de fevereiro de 1902, “A República”, “órgão do Partido Republicano Federal”, refere-se a uma nota publicada no “Jornal do Commercio” (de 28 de janeiro de 1902), tendo em vista a aproximação do pleito de 1º de março. O “partido oposicionista” (i.e. o Partido Republicano Paranaense, se não houve alteração desde 1899), que não tem jornal próprio, usa o jornal do Rio para publicar notas de seu interesse, pois seu correspondente telegráfico aqui é o presidente da Comissão Executiva do partido. A nota publicada no jornal do RJ diz que “Nenhum dos membros da Comissão Executiva acompanha o Coronel Theophilo”. Essa Comissão “vai recomendar aos seus correligionários os sufrágios nas candidaturas Ubaldino e Chermont”. Segundo “A República”, TSG “mostrou-se simpático à candidatura do Dr. Rodrigues Alves”. Mas continuava a dar apoio ao seu partido (afirma ainda que um jornal publicou que TSG ia lançar manifesto recomendando aos seus correligionários as candidaturas Alves e Silvano) (184). Dois dias depois, em 8 de fevereiro, “A República” publica que o “Diário da Tarde” da véspera informou que o general Cardoso Júnior “declarou apoiar a dissidência da oposição deste Estado”. Esse general é o presidente da Comissão Executiva do partido oposicionista. Assim, TSG não é o único na Comissão a negar apoio à candidatura Ubaldino do Amaral (185) Na edição de 14 de fevereiro, consta em “A República” esta informação: “A dissidência do Partido Republicano deste estado apresentou ontem aos sufrágios do eleitorado as candidaturas dos drs. Rodrigues Alves e Selviano Brandão para os cargos de presidente e vice-presidente da República” (186). Essa apresentação é feita em manifesto assinado pelo General Cardoso Júnior, coronel TSG, Chichorro Júnior e Celestino Júnior. O General é o presidente da comissão executiva do Partido Republicano e o coronel TSG, um dos seus “membros principais”. Em 17 de fevereiro, artigo publicado em “A República” afirma que está dividido o partido oposicionista do Estado. O cel. Theophilo Soares lidera a dissidência. A Comissão Executiva daquele partido posicionou-se contra o governo de Campos Salles e não apoia a candidatura Rodrigues Alves, considerada de “origem governista”. Mas este foi escolhido em Convenção e recebeu o apoio dos “mais aferrados oposicionistas” ao governo de Campos Salles, diz o artigo (187). Na véspera da eleição para a presidência, em 28 de fevereiro, consta em “A República” artigo intitulado “As eleições” que se refere à dissidência ocorrida no “seio das oposições” chefiada pelo coronel TSG, “um exemplo a seguir”. A matéria critica Ubaldino do Amaral que, apesar de paranaense, nada fez pelo Paraná. O jornal (quer dizer a corrente política ligada a Vicente Machado, que está no poder aqui) apoia a candidatura Rodrigues Alves- Silviano Brandão (que foram presidentes de S.Paulo e Minas Gerais, respectivamente, num exemplo típico da política “café com leite”) nas eleições de “amanhã” para presidente e vice-presidente da República. TSG e Vicente Machado, seu antigo adversário político, estão assim do mesmo lado na campanha em favor de Rodrigues Alves. Conforme se observa na mesma página citada do jornal (p.1), no “Boletim Eleitoral”, Vicente Machado era então presidente do Diretório Central do Partido Republicano Federal do Paraná (188). Conforme “A República” (189), em 24 de novembro de 1902 realizou-se uma reunião política no município de Palmas para organizar o novo diretório do Partido Republicano Federal em apoio à política de conciliação adotada pelo dr. Vicente Machado e coronel Theophilo Soares Gomes. Consolida-se assim a união entre os dois antigos adversários políticos, com a dissidência republicana liderada por TSG sendo absorvida pelo PRF de Vicente Machado (cf nota 189). No ano seguinte, 1903, nota, publicada em “A República” de 28 de janeiro, registra a presença em Curitiba do “nosso ilustre amigo coronel Theophilo Soares Gomes vindo de Antonina.” Entre os que foram receber o “distinto paranaense” “ontem” na gare da Estrada de Ferro o jornal menciona os nomes dos drs. Vicente Machado, Lamenha Lins, Alencar Guimarães, Espíndola, coronel Luiz Xavier, capitão Muricy, Dr. J. Loyola, Antonio Santos, Augusto Silveira (este era o proprietário de “A República”, conforme consta no cabeçalho da 1ª. página, logo abaixo de “Órgão do Partido Republicano Federal”), Octavio Machado, Lobo Nenê e Chichorro Júnior (190). A aliança com Vicente Machado, e consequente afastamento de seus antigos correligionários, é explicitamente referida em “A República” de 14 de fevereiro de 1903, na seção “Telegramas”. Transcreve-se aí um, de Curitiba, publicado no “Jornal do Brasil” “do dia 4 do corrente, edição da manhã”, que informa a união da dissidência republicana, chefiada pelo coronel Theophilo Soares Gomes, com o partido republicano federal, do qual é chefe aqui o senador Vicente Machado, dissidência essa que fazia parte da oposição. /.../ O diretório da oposição, composto dos drs. Generoso Marques, João de Menezes Dória e outros, publicou um manifesto aconselhando absoluta abstenção no primeiro pleito. Esse manifesto vem publicado no “Paraná”, órgão do partido da oposição, do qual é redator principal o Dr. Menezes Dória. “A República”, depois de criticar a parte do manifesto referente à abstenção, classifica a oposição de partido civicamente morto (191). No mês seguinte, em 5 de março, “A República” transcreve carta do médico Dr.João Evangelista Espíndola (concunhado de TSG) enviada ao Dr. Vicente Machado, redator-chefe do jornal e presidente do Diretório Central do partido Republicano, manifestando o seu apoio a ele, uma vez que vem sendo atacado, pelas colunas do “Paraná”, por parte da direção do partido ao qual pertenceu. Ele vem se juntar assim a outros nomes (“prestigiados”) que fizeram a mesma opção como o do cel. Theophilo Soares, Chichorro Jr, cel. Teixeira Baptista, cel. Antonio Ribas, cel. Duca Pimpão, cel João Vianna e outros, conforme o jornal (192). Na edição de 22 de maio de 1903, consta em “A República” (193) nota do correspondente de Antonina que trata, dentre outros assuntos, da festa, realizada no Club Antoninense, “em comemoração ao aniversário de sua instalação”. Houve distribuição da revista do Clube e a posse da nova diretoria, composta pelo cel. Theophilo Soares (presidente reeleito), Regis Pereira, João de Castro, Henrique Loyola, Sebastião Grillo, Thiago Peixoto, Antonio Carvalho e Hugo Veiga. TSG e o major Heitor Lobo, ex-vice-presidente, foram considerados sócios beneméritos. A partir de 25 de junho, o jornal passa a publicar uma nota em que o Partido Republicano Federal do Paraná—tendo em vista as eleições que se realizarão no dia 24 de agosto próximo—apresenta seus candidatos a governador (Vicente Machado) e a 1º e 2º vice-governador para o período 1904-1908. E apresenta também seus candidatos a deputado ao Congresso Legislativo do Estado (7ª Legislatura) para o biênio 1904-1905. São indicados 30 nomes. Um eles, o 16º, é o “Coronel Theophilo Soares Gomes, proprietário, residente em Antonina”. Outros nomes que constam dessa nota: Caetano Munhoz da Rocha (11º), João David Pernetta (5º), Alfredo Romário Martins (29º) (“empregado público”). Diz-se aí que “Na eleição para os cargos de Deputados, os eleitores deverão votar em lista de vinte nomes /.../” (194). Na edição do dia seguinte à eleição, “A República” publica um quadro sob o título “Resultado conhecido da eleição procedida ontem no Estado” relativamente a governador, a 1º e 2º vice e a deputados, discriminado por 13 localidades. Considerando a distribuição regional dos votos em TSG, ele foi mais votado na Capital (1130), Paranaguá (530), Antonina (486), Campo Largo (414), Colombo (326) etc (195) Em “A República” de 28 de setembro de 1903 consta edital do presidente da Câmara Municipal e da junta apuradora que divulga o resultado das eleições realizadas em 24 de agosto último. Para governador: Vicente Machado obteve 17.010 votos. Para deputados: TSG, em 20º lugar, obteve 11.231 votos. Em 1º lugar ficou o coronel Luiz Antonio Xavier, com 11.900 votos (196) (note-se que a magnitude entre o 1º lugar e o 20º não variou muito, refletindo as peculiaridades do processo eleitoral da época...) Em outubro do mesmo ano, nota enviada pelo correspondente em Antonina de “A República” realça o lado “empreendedor” de TSG (197). A nota elogia as potencialidades econômicas do município. Quando trata da lavoura, destaca “a magnífica fazenda de propriedade do coronel Theophilo Soares Gomes, denominada “Guatingá” da qual já são os frutos exportados em prometedora escala, graças à perseverança e esforços daquele distinto correligionário”. Realça também as boas perspectivas da exploração dos minérios. “Esse estado de cousas não tardará muito, pois acha-se entre nós o sr. Raul Vidrich, representante de importante casa do Rio, para tratar de negócios definitivos com o coronel Theophilo Soares Gomes, procurador de Lavrador, Balster& Cª, relativas às jazidas de ferro e manganês pertencentes a essa firma”. TSG, que agora é governista, integra a comissão de convites para os festejos em Antonina pela chegada do governador do Estado eleito para o próximo quadriênio, Vicente Machado. Consta em “A República” (198) matéria contendo a programação das festas a serem realizadas naquela cidade em homenagem ao senador Vicente Machado, que retorna ao Paraná vindo da Capital Federal. Além de Antonina, estão previstas festas em Curitiba. “A República”, na edição de 31 de outubro de 1903 (199), transcreve discurso de TSG, membro do diretório local de Antonina, saudando o senador Vicente Machado nas festas de sua recepção no Estado (ele, que foi eleito recentemente governador do Paraná, deverá assumir o cargo em fevereiro próximo). TSG lembra que há pouco tempo houve uma cisão no partido republicano do Paraná. Uma parte dele acompanhou a dissidência paulista, outra ficou ao lado do partido republicano nacional, que apoiou a candidatura de Rodrigues Alves à presidência da República. TSG fez parte desta última. Como essa candidatura também era apoiada pelo partido republicano federal neste Estado, houve a aproximação entre eles. A corrente liderada por TSG resolveu assim apoiar Vicente Machado e sua política de conciliação no Estado. Os “coronéis” (da Guarda Nacional) que mandavam na política da República Velha também estavam presentes no litoral paranaense... Isso fica bem evidente na matéria de “A República” (200) sobre a passagem de Vicente Machado por Antonina e Morretes, seguindo o itinerário da viagem em trem especial rumo à Capital do Estado, após desembarcar no porto de Paranaguá. Morretenses acompanharam TSG e outros, no seu retorno a Antonina, que por sua vez havia acompanhado Vicente Machado até Morretes (um deles é o coronel Costa Pinto, “chefe político” deste último município). Foram saudados por TSG no Club Antoninense, e eles também se manifestaram, erguendo um viva ao povo antoninense e ao seu digno “chefe” coronel TSG (antes, a matéria fala que TSG saudou “o povo morretense na pessoa do chefe do partido dominante coronel Costa Pinto”). No final de 1903, TSG viajou de navio ao Rio de Janeiro, partindo no dia 13 e retornando no dia 29 de dezembro. Em “A República” (201), o correspondente em Antonina informa que TSG partiu de Paranaguá para a Capital Federal pelo paquete nacional “Belém”. Ele foi conduzido até a bordo do paquete pela lancha a vapor oferecida pelo Inspetor da Alfândega. Acompanharam TSG até a bordo o coronel Manoel Bonifácio Carneiro, vice-governador eleito, o prefeito municipal, o presidente da câmara, o inspetor da alfândega etc Sua viagem não foi de lazer, como poderia parecer, uma vez que ocorreu na época natalina. Conforme “A República” de 8 de janeiro de 1904 (202), TSG voltou do Rio de Janeiro, “onde efetuou a venda das importantes minas de ferro e manganês situadas no município de Antonina, nos lugares Faisquerinho e Bom Retiro”. Com TSG veio do Rio o engenheiro Raul Vidrich “que, segundo consta, vem encarregado por uma importante firma daquela praça de fazer estudos sobre minas neste Estado, e apresentar os respectivos relatórios”. Após várias sessões preparatórias, o Congresso do Estado realiza, em 1º de fevereiro de 1904, a sessão solene de instalação da 7ª. legislatura. Na escolha da Mesa, Luiz Xavier é eleito presidente, Benjamim Pessoa, 1º vice-presidente e TSG, 2º vice-presidente. Vieira de Alencar é o 1º secretário. Na mesma edição de “A República” (203) que publica a ata dessa sessão consta, na p. 2, outra ata, a da 2ª sessão ordinária do Congresso do Estado, onde se lê que TSG foi um dos deputados eleitos para integrar a Comissão Especial para verificar a eleição de governador e vice-governadores do Estado. Ele também foi eleito para integrar a Comissão de Comércio, Agricultura e Indústria. Na edição de 17 de fevereiro, consta em “A República” (204) ata da 10ª sessão ordinária do Congresso do Estado, realizada em 11 de fevereiro de 1904. TSG é mencionado aí. Ele é um dos integrantes da Comissão especial que deu parecer recomendando a aprovação das eleições para governador e vice-governador, face à regularidade dos procedimentos. Vicente Machado foi eleito para o mandato de1904 a 1908. O 1º vice é João Candido Ferreira. E o 2º vice é Manoel Bonifácio Carneiro. O deputado TSG defende no Congresso Estadual, nesse início do período legislativo, a atuação do governo estadual em favor dos interesses de setores econômicos locais. “A República” (205) transcreve ata da 15ª sessão ordinária do Congresso do Estado, realizada em 18 de fevereiro de 1904. Por ela, somos informados que TSG apresentou projeto de lei autorizando o Poder Executivo a concorrer ao arrendamento da estrada de ferro do Paraná. Na sua justificativa, ele afirma que a União, dona da estrada, cobra atualmente tarifas muito altas. Como abriu concorrência pública para que seja arrendada a terceiros, TSG entende que o Estado deveria assumi-la para então cobrar tarifas mais baixas, pois estaria mais preocupado, como uma instituição pública, em estimular o comércio, as indústrias e a lavoura locais do que em auferir receita. O parecer da Comissão de Fazenda do Congresso Legislativo Estadual, após a devida análise, é favorável ao projeto de lei de TSG. Recomenda que o projeto seja apreciado pelo Congresso e convertido em lei. Anexo ao parecer, consta projeto de decreto legislativo contendo tal autorização. A fonte dessa informação é a ata da 19ª sessão ordinária do Congresso do Estado, realizada em 23 de fevereiro de 1904, publicada em “A República” (206). A propósito, nessa mesma edição e página do jornal consta Ata da sessão solene realizada em 25 de fevereiro de 1904 no Congresso Legislativo do Estado relativa à posse do governador eleito (Vicente Machado) e dos vice-governadores para o período 1904-1908. O deputado TSG integrou a comissão de recepção daquelas autoridades. Conforme ata da 25ª sessão ordinária do Congresso do Estado, realizada em 3 de março de 1904, publicada em “A República” (207), TSG manifesta apoio ao dep. Bernardo Vianna que está propondo melhoramentos para “uma das zonas mais extensas e distantes da Capital”, que ele representa (é a “zona de Palmas”). Na mesma edição e página do jornal, há uma outra referência a TSG. Trata-se de uma menção elogiosa ao seu projeto de leique autoriza o Estado a concorrer ao arrendamento da estrada de ferro do Paraná, visando reduzir o valor da tarifa. O governo federal havia comprado essa estrada da concessionária Compagnie dês chemins de fer brésiliens. Segundo a matéria, de caráter antiprogressista, os transportes eram então mais fáceis e mais baratos quando “feitos em carroças, conduzidas na maioria por colonos polacos, os quais pela sua capacidade e o número de cavalos atrelados recordam o troika russo atravessando a imensidade das estepes” ... Pela ata da 29ª sessão ordinária do Congresso Estadual, realizada em 8 de março de 1904 e publicada em “A República” (208), verificamos que TSG é um dos 5 deputados signatários do projeto que autoriza o poder Executivo “a mandar construir uma ponte de madeira de lei sobre o rio Iguaçu no lugar Balsa Nova”, na estrada que liga Campo Largo a Lapa. Na ata da 39ª sessão do Congresso Estadual, realizada em 19 de março de 1904 e publicada em “A República” (209), consta que as comissões de Fazenda e de Indústria opinaram pelo indeferimento do requerimento de José Graitz que deseja montar na Capital uma fábrica de estearina e por isso “pede privilégio para o fabrico por 30 anos e outros favores”. TSG foi um dos quatro deputados que assim se manifestaram. Conforme a ata da 43ª sessão ordinária do Congresso Estadual, realizada em 24 de março de 1904 e publicada em “A República” (210), TSG é um dos 8 deputados proponentes do projeto nº 84, que autoriza o governo a vender na zona marítima do Estado a colonos, ou empresas de colonização, 50 mil hectares, à razão de 2 mil réis o hectare. Os prazos para pagamentos, e outras condições, serão de acordo com as leis em vigor. De acordo com a ata da 45ª sessão ordinária do Congresso Estadual, realizada em 26 de março de 1904 e publicada em “A República” (211), TSG é um dos 8 deputados que propõem a emenda nº 20 ao orçamento do Estado, autorizando o poder executivo a auxiliar as municipalidades de Paranaguá e Antonina “nos melhoramentos que a Repartição de Higiene considerar mais necessárias para o saneamento dessas cidades”. Após realizar a 48ª sessão ordinária em 30 de março de 1904, e também a 49ª sessão, cujas atas são publicadas em “A República” (212), o Congresso Estadual encerra o 1º período da 7ª legislatura. TSG é um dos 8 deputados que integram a comissão então formada para ir saudar o presidente do Estado em nome do Congresso. Na edição de “A República” do dia 16 de julho de 1904 (213), nota do “Diretório” (subentende-se do partido Republicano Federal, do qual o jornal é órgão) de Antonina apresenta seus candidatos nas próximas eleições municipais, a serem realizadas dia 20. Com o beneplácito do governador, são indicados, para prefeito, o coronel Theophilo Soares Gomes, 8 nomes para “camaristas” e 4 para “juízes distritais”. O mesmo jornal, na edição de 22 de julho (214), informa o resultado das eleições realizadas no último dia 20. TSG e todos os outros nomes apresentados pelo partido foram eleitos, o que revela o seu domínio absoluto sobre a política local, agora que é aliado de Vicente Machado. “A República” (215), em 15 de julho, além de antecipar quem seriam os candidatos às próximas eleições municipais de Antonina, publicava na mesma página do jornal um telegrama de “Antonina, 15” onde se afirma: “Povo reunido na praça da República em grande meeting protesta inteira solidariedade ao governo do Estado na questão de limites”. TSG integra a “comissão permanente” formada por 10 membros, inclusive o juiz de direito, voltada para essa questão de limites entre o Paraná e Santa Catarina. Essa mobilização da população estadual relacionava-se ao descontentamento de sua população tendo em vista a decisão do Supremo Tribunal Federal contrária os interesses do Estado e favorável a Santa Catarina. Assim, o jornal publica várias matérias sobre esse tema. Em 26 de julho, por exemplo, “A República” (216), além de informar a vinda a Curitiba do coronel TSG, deputado estadual e prefeito eleito do município de Antonina, contém matéria sobre a questão de limites do território contestado, e publica, na p. 1, artigo de Romário Martins sobre essa questão. E em 29 de julho (217) consta, na p. 1, matéria sobre a conferência de Helvídio Silva a propósito da questão de limites com Santa Catarina, tendo em vista a sentença do Supremo Tribunal de Justiça prejudicial ao Paraná. A comissão permanente, integrada por TSG, promoveu um evento político (um meeting, conforme o jornal) em Morretes no domingo, dia 8 de agosto de 1904 (218). “Esteve imponentíssimo o passeio que ontem fizeram a Morretes perto de cem pessoas desta localidade (Antonina), convidadas pelo coronel Theophilo Soares Gomes para acompanharem os ilustres tribunos dr. Ermelino de Leão e Júlio Pernetta no meeting que ia ali efetuar-se” Mais adiante, essa nota afirma que no meeting, realizado na praça da Estação Telegráfica, foram “estrondosamente aclamados os nomes beneméritos dos drs. Vicente Machado, Conselheiro Barradas, Ermelino de Leão e Generoso Marques”. Outro evento, ocorrido em Antonina, contou com a participação de estudantes vindos de Curitiba, movidos pelo seu espírito cívico em defesa dos interesses do Paraná nessa questão de limites. TSG fez discursos (219). No dia 7 de setembro realiza-se um “Congresso dos Municípios” em Curitiba. “A República” (220) publica ampla matéria sob esse Congresso ocorrido na sede do Legislativo Estadual com a participação de muitos delegados municipais. Estes assinam uma moção endereçada ao presidente do Estado. Romário Martins, que secretariou a sessão, lê a moção, redigida “pela Câmara e Comitê Permanente de Antonina, promotores do grande comício cívico”, que visa a “defesa intemerata da integridade territorial e política do nosso Estado”. A matéria destaca o papel desempenhado pela edilidade antoninense e coronéis Luiz Xavier e Theophilo Soares Gomes “para a grandeza do comício”. O orador oficial de Antonina foi Julio Pernetta. Falaram também os representantes da zona litigiosa, Dr. Affonso Camargo, delegado de Palmas, e Dr. Victor do Amaral, delegado do Rio Negro. O Dr. Generoso Marques apoiou a ideia deste último no sentido de “que se dirigisse um manifesto ao país, explicando a atitude defensiva do povo paranaense em face da sentença do Supremo Tribunal Federal”. No final da sessão, foi designada uma comissão para entregar a Vicente Machado a moção do Congresso. TSG integra essa comissão, assim como Generoso Marques, Ermelino de Leão, Affonso Camargo, Victor do Amaral etc O jornal, nessa mesma edição, publica na íntegra a moção dirigida ao presidente do Estado referida anteriormente. TSG é um dos seus signatários. A moção protesta contra o acórdão do STF sobre a questão de limites entre o Paraná e Santa Catarina. Afirma que esse acórdão “desmembra uma quarta parte do território paranaense e separa da nossa comunhão cerca de cem mil filhos deste Estado contra a sua vontade, sem que fossem observados os dispositivos dos arts. 4º e 34 n. 10 da Constituição da República e art. 2º da nossa Constituição”. Diversas notas, em edições do jornal anteriores a 7 de setembro (221), referem-se à à participação nesse evento de representantes dos municípios do interior, tais como Assungui de Cima (hoje, incorporado a Cerro Azul), Guaraqueçaba, Tomazina, Araucária, Conchas, Jacarezinho, Campina Grande, Entre Rios, Cerro Azul, Vila Deodoro (atual, Piraquara), Ipiranga, Guarapuava, Piraí, Colombo, Tamandaré, Bocaiúva, Palmas etc Muitas dessas manifestações dirigem-se a TSG, mostrando que este teve então um papel importante na mobilização da população paranaense contra a decisão do Supremo Tribunal prejudicial aos interesses do Paraná, na questão de limites com Santa Catarina. A ata da 5ª sessão ordinária da 7ª legislatura do Congresso do Estado, realizada em 6 de fevereiro de 1905, reporta-se ao discurso do dep. João Perneta criticando a sentença do STF de 6 de julho de 1904 que alienou do Paraná “quase uma quarte parte de seu território”, com cem mil habitantes, conforme aparte do dep. Romário Martins. O território perdido para Santa Catarina situa-se à margem esquerda dos rios Negro e Iguaçu. O advogado do Paraná era o Conselheiro Barradas (222). Em 21 de setembro de 1904, TSG toma posse como prefeito de Antonina. Na mesma data, também assumem os novos camaristas e juízes distritais (223). Em dezembro desse ano, “A República” publica matérias sobre as primeiras medidas tomadas pelo novo prefeito. Conforme o jornal, no dia 1º desse mês TSG assina edital (preparado pelo secretário Júlio Pernetta), que “declara aberta a concorrência /.../ para a arrematação dos impostos do mercado público desta cidade, iluminação e serviço de transporte de lixo” (224). Na sua edição do dia 24 de dezembro (225), o correspondente de Antonina informa sobre obras municipais que vem sendo realizadas pelo prefeito TSG: “Trata-se do grande calçamento a paralelepípedos atravessando as ruas onde está sendo construída a grande avenida Vicente Machado, de modo que, com tal calçamento, ficará esta cidade com as suas ruas principais adaptadas perfeitamente ao trânsito público”. Prossegue a nota do correspondente, afirmando que o prefeito também está preocupado em “remover os inconvenientes que advêm ao ancoradouro em consequência da obstrução do porto. Aqui já andou o engenheiro Niepce, a fim de formular um estudo sobre o assunto /.../” Em 1905, no dia 28 de janeiro, “A República” informa que o deputado TSG e sua família devem chegar “amanhã” a Curitiba. “S. ex. vem tomar parte nos trabalhos do Congresso Legislativo do Estado”. E segundo a edição de 31 de janeiro o presidente da Câmara, Antônio José Leite Mendes, assumiu o cargo de prefeito de Antonina na ausência do titular (226), por onde se deduz que era possível então TSG acumular os dois cargos, um do executivo municipal e outro do legislativo estadual. Em 1º de fevereiro, instala-se o segundo período da 7ª legislatura do Congresso do Estado. Na nova Mesa diretora, o presidente é Luiz Xavier. TSG foi eleito 2º vice-presidente com 23 votos. Teve um só voto (dele mesmo, ou de outro deputado?) para 1º vice-presidente. A mesma fonte informa que ele presidiu a sessão de 4 de fevereiro (227). Também Maria Nicolas informa que TSG foi deputado estadual no biênio 1904-1905 (228). Por outro lado, os “Anais do Congresso Legislativo do Paraná” (disponíveis na Biblioteca Pública do Paraná), afirmam que TSG foi, no biênio 1904-1905, 2º vice-presidente do Congresso Legislativo do Estado. Simultaneamente, foi membro da Comissão Permanente de Comércio em 1904 (1º período da 7ª Legislatura) e da Comissão Permanente de Comércio, Agricultura e Indústria em 1905 (2º período da 7ª Legislatura). Segundo “A República” (229), que publica a ata da 3ª sessão ordinária da 7ª legislatura do Congresso do Estado, realizada em 3 de fevereiro de 1905. Nessa sessão procedeu-se a eleição das Comissões. TSG foi o mais votado para a comissão de Comércio, Agricultura e Indústria. Teve 14 votos. Total de deputados do Congresso, mencionados na ata: 29. Mas o número total de deputados integrantes do Congresso era 30(presentes + ausentes), mencionados na ata da 4ª. sessão ordinária da 7ª legislatura do Congresso do Estado, realizada em 4 de fevereiro de 1905 (230). Na edição de 15 de fevereiro de 1905, o jornal que apoia Vicente Machado, o antigo adversário de TSG, publica extensa nota elogiosa a este, cujo aniversário será comemorado “amanhã”. A nota se refere a TSG como “nosso prestigioso amigo e valente chefe republicano em Antonina”, seu “digno Prefeito municipal” e “2º vice-presidente do Congresso do Estado”. “Amigo devotadíssimo e fervoroso do nosso preclaro Chefe, o ilustre coronel não perde ocasião de manifestar a lealdade dessa amizade /.../ )” Mais adiante: “Em Antonina, seu torrão natal, a palavra do valente republicano tem um acatamento eucarístico por parte da população, que o venera há longos anos como um patriota dedicado, como um político inteligentíssimo e sempre disposto a prestar os maiores serviços aos interesses da causa pública.” (231) Em “A República” de 20 de fevereiro de 1905 (232), TSG é mencionado em duas matérias. A primeira, na p.2, informa que TSG regressou à Capital, acompanhado do engenheiro Ernesto Guaita e dos srs. capitão André Petrelli e Umberto Petrelli “que por conta de uma comissão de capitalistas foram levantar as plantas dos melhoramentos municipais a executar-se em Antonina.” A outra, na p.3, consiste em violento artigo de Nestor de Castro contra o empresário Roberto Glasser, que lhe fez certas acusações, nas “colunas do ‘Diário’”. O jornalista transcreve carta de TSG, datada de “Antonina, 18 de Outubro 98”, em seu favor. Depreende-se dela que Nestor pediu para ser substituído no cargo de fiscal do imposto de consumo mas TSG afirma não concordar com isso, aconselhando-o a não se incomodar com os inimigos. Diz também que escreveu para o “Dr. Generoso” pedindo para que este não consinta com sua (de Nestor) deliberação. Na carta, TSG informa que estará viajando para o Rio com a família na “próxima segunda feira” e envia saudações “ao Chichorro e ao Celestino”. Em 25 de fevereiro, “A República” (233) informa que na sessão de “hoje” do Congresso Legislativo foi aprovada a nomeação de uma comissão para ir cumprimentar o presidente do Estado porque nessa data se passa o 1º aniversário da administração de Vicente Machado. TSG foi um dos quatro deputados designados para integrar a Comissão. Como TSG era um produto das oligarquias familiares que dominavam a República Velha no Paraná, não tinha, com relação a ela, nenhum distanciamento crítico... Esta intervenção dele, em sessão do Congresso do Estado, quando se discutia a reforma da legislação eleitoral em curso, é bem reveladora de tal postura. Conforme “A República” de 17 de março de 1905 (234), quando o orador referia-se ao que a imprensa nacional constatava, a saber “a prepotência, os abusos dos governos estaduais (que) tolhiam a liberdade do cidadão, coagiam os eleitores, enfim, procuravam, por todos os meios, dar ganho de causa aos partidos dominantes, nulificando por completo os direitos e os esforços das oposições”, TSF, em aparte, declarou: “Aqui no Paraná nunca se deu isso”. Na edição de 13 de abril de 1905, “A República” informa que TSG reassumiu o cargo de prefeito municipal de Antonina, do qual havia se afastado para exercer em Curitiba o de deputado. Era o presidente do estado quem nomeava então os prefeitos. TSG havia sido nomeado pelo decreto nº 124 do presidente Vicente Machado, “usando das atribuições que lhe confere o art. 1º da lei nº 589, de 20 de março último” (235). E continuou atuando no Congresso Legislativo como deputado estadual. Como se vê, estava de acordo com a legislação da época a nomeação de um prefeito pelo chefe do executivo estadual e a ocupação simultânea dos cargos de prefeito municipal e de deputado estadual. As sessões do Congresso do Estado vão se suceder até 31 de março de 1905, com a presença, na maior parte delas, de TSG. Nessa data, realiza-se a 50ª sessão ordinária da sua 7ª legislatura, a última do período. Conforme a ata, publicada em “A República” (236), o dep Vieira de Alencar propôs que a Mesa nomeie uma comissão para levar ao presidente do Estado suas saudações bem como “a expressão dos votos que faz pela felicidade da viagem de s.exa. para fora do país”. Um dos 6 deputados designados foi TSG. Essa ata, que contém um resumo das atividades do 2º período da 7ª legislatura, conforme relatório do presidente do Congresso Luiz Xavier, é interessante por mostrar o tipo de questões com que o Congresso se ocupou no período (neste trabalho só procuramos indicar os projetos com que TSG se envolveu). TSG, ao iniciar seu mandato como prefeito de Antonina, tinha então o apoio de toda a Câmara de vereadores. É o que mostra uma nota publicada em “A República” (237) informando que o camarista Alfredo Xavier Neves propôs um voto de congratulação ao Presidente do Estado pela nomeação de TSG para o cargo de Prefeito Municipal, voto que foi aprovado por todos os camaristas presentes. Na edição do dia seguinte, 15 de junho de 1905, o mesmo jornal afirma que TSG se acha na Capital, o “digno prefeito de Antonina e prestigioso chefe do Partido Republicano Federal naquela localidade” (238). Pela nota de falecimento da sra. Maria da Luz França de Oliveira, sogra do coronel Henrique Alves de Araújo, publicada em “A República” (239), obtemos a informação de que as esposas do coronel TSG, Dr. Espíndola, Manoel Pancada e Domingos Soares eram suas netas. Na mesma página consta que o médico Dr. Espíndola era diretor da Santa Casa e residia na rua do Serrito, 68 (atualmente, essa rua de Curitiba se chama Presidente Carlos Cavalcanti). Na edição de “A República” de 15 de agosto de 1905 (240) consta relatório da Marinha sobre a obstrução do ancoradouro de Antonina. O orçamento das despesas a efetuar-se monta em Rs. 37:994$000. O prefeito TSG procura sensibilizar os poderes públicos para o problema. No mesmo mês, “A República” informa que TSG foi eleito provedor da Casa de Caridade de Antonina, conforme ata da assembleia geral realizada em 20 de agosto de 1905, que o jornal transcreve. Júlio Pernetta foi eleito 1º secretário. Votaram 54 “irmãos” (um deles, seu tio Antônio Soares Gomes). TSG tomou posse desse cargo em 3 de setembro de 1905 (241). No início de dezembro, consta em “A República” (242) matéria intitulada “Porto de Antonina” onde se lê que foram incluídas no orçamento federal verbas “para diversas obras e aquisições tendentes a melhorar o serviço marítimo e sanitário nos portos de Paranaguá e Antonina”. Informa-se aí também que foi apresentada emenda “ao orçamento da Viação”, “destinando a verba de 50 contos de reis às obras do porto de Antonina”, conforme telegrama enviado a TSG pelo Dr. Alencar Guimarães, primeiro secretário da Câmara dos Deputados. No dia 5 do mesmo mês, ”A República” (243) publica edital do prefeito de Antonina TSG, datado de 1º de dezembro de 1905 (escrito por Julio Pernetta, secretário da Prefeitura), comunicando que se acha em concorrência “as obras dos melhoramentos desta cidade, de acordo com as plantas e condições existentes na secretaria da Prefeitura Municipal, que poderão ser examinadas e estudadas /.../” TSG não será candidato a deputado estadual no próximo biênio. É o que mostra “A República” (244). Nele, o Partido Republicano Federal do Paraná apresenta seus 20 candidatos a deputado ao Congresso Legislativo do Estado para o biênio 1906-1907. A eleição será no dia 20 de dezembro próximo. O nome de TSG não consta da relação. O único candidato residente em Antonina é o coronel Benigno Augusto Pinheiro Lima. Na mesma edição (e página) do jornal, o correspondente de Antonina contesta gente de lá que escreveu para o “Diário” (“de ontem”) pedindo providências do Chefe de Polícia contra autoridades policiais da cidade que andam “amedrontando os eleitores adversos à situação”. Ainda em dezembro de 1905, “A República” (245) publica edital do prefeito TSG de Antonina declarando aberta a concorrência 1) para a arrematação dos impostos dos gêneros que estão sujeitos à venda no mercado municipal, inclusive o aluguel dos quartos e colunas; 2) para o serviço de iluminação pública e 3) para o serviço de transporte de lixo. As propostas devem ser apresentadas até 15 daquele mês. No início de 1906, “A República” (246) informa que o Diretório Central do Partido Republicano Federal reuniu em Curitiba os representantes dos diretórios das diversas localidades do interior do Estado. Foi aprovado pelos participantes que o Diretório Central escolherá e indicará ao eleitorado paranaense “os nomes dos candidatos ao cargo de um senador e 3 deputados federais na próxima eleição de 30 do corrente”. No município de Antonina, ocorreria uma “brilhante” vitória alcançada pelo PRF nesse pleito de 30 de janeiro. Nas comemorações, foram aclamados TSG e outros políticos (247). Ao longo de 1906, outras matérias em “A República” fornecem informações sobre a administração de TSG como prefeito de Antonina. Assim, em abril um edital seu prorroga o prazo para que os proprietários de terrenos dentro do quadro urbano os fechem com muros, dando cumprimento a uma lei de 1894 (248). Em junho de 1906, “A República” (249) publica a lei nº 65 promulgada pelo prefeito TSG, de Antonina, que o autoriza “a montar uma usina municipal de eletricidade /.../ a fim de fornecer energia elétrica para a iluminação pública e particular desta cidade, e a promover outros melhoramentos necessários à sua salubridade e embelezamento”. Para isso, a lei também o autoriza a contratar um empréstimo de cento e trinta contos de réis, ao juro máximo de 7% ao ano. “O pagamento dos juros e o resgate das apólices que forem emitidas para o levantamento do empréstimo serão feitos semestralmente”. Segundo outra edição do jornal (250), o contrato para instalação de luz elétrica e outros melhoramentos na cidade foi celebrado entre a prefeitura e André Petrelli, que se obrigou a instalar a iluminação pública, reformar o Teatro Thalma, arborizar e ajardinar a praça da República, fazer o calçamento com paralelepípedos de parte da rua Rebouças, construir três chafarizes, uma lavanderia pública, aumentar o barracão do cais e modificar o edifício da Câmara Municipal. No dia 23 de junho “A República” traz um artigo, sob o título “Melhoramentos de Antonina”, que elogia as recentes medidas tomadas pelo prefeito TSG (251). Em 5 de setembro, o jornal transcreve carta de um paranaense residente em Portugal (José Antônio Juca Santos), amigo de TSG, elogiando os melhoramentos urbanos em Antonina. Ele cita o exemplo de Pereira Passos (no Rio de Janeiro), primeiro incompreendido e depois louvado (252). Em “A República” de 19 de setembro de 1906 (253) consta outra matéria elogiosa ao prefeito TSG, assinada por Décio D’Altina, sobre os melhoramentos em Antonina, que abrangiam calçamento com paralelepípedos da rua da estação ao centro da cidade, terrenos murados, reconstrução do teatro Thalma, usina de eletricidade (prevendo-se a iluminação elétrica da cidade para março de 1907). Além disso, a matéria registra o início de outros melhoramentos como lavanderias, ajardinamento da praça da República, encanamento de água, construção de chafarizes e do prolongamento do barracão etc. Mas a atuação do prefeito TSG também foi criticada pela imprensa como revela a edição de “A República” de 25 de outubro de 1906 (254). Sob o título “O caso do barracão”, o jornal defende TSG de críticas feitas a ele pela “A Notícia”, “de 22 do corrente”. Refere-se ao barracão do cais de Antonina, usado há muitos anos na carga e descarga de navios. TSG está aumentando e aparelhando o barracão, dentro de seu programa de melhoramentos urbanos. O jornal contesta que tais obras estejam causando “desvantagens ao comércio”, contrariando a estética e prejudicando o serviço de descarga dos carros da Estrada de Ferro. Em 23 de novembro, há uma nova menção (elogiosa) a TSG em “A República” (255), numa nota sobre os melhoramentos em Antonina. O contratante desses melhoramentos, André Petrelli, firmou contrato com os srs. Hauer Júnior & Ca., empresários da luz elétrica da capital, para a instalação da usina e rede da iluminação pública e particular. Ainda em 1906, em 28 de novembro, “A República” (256) publica nova nota, elogiosa a TSG, sobre os melhoramentos em Antonina. No final, o correspondente deixa entrever a falácia do sistema eleitoral da época (fica evidente aqui que TSG foi premiado em sua carreira política por ter se aliado a Vicente Machado): “Quem tem a felicidade de ver que à testa da administração de um dos municípios mais importantes do Estado do Paraná acha-se um homem da envergadura moral do sr. coronel Theophilo Soares Gomes, não pode deixar de louvar ainda mais o exmo. sr. dr. Vicente Machado e de felicitá-lo por saber tão bem escolher os seus auxiliares na monumental e vitoriosa campanha de engrandecimento deste torrão brasileiro”. Em 1 de dezembro do mesmo ano, consta em “A República” (257) edital do prefeito TSG, dessa data, abrindo concorrência para receber propostas, até o dia 15 de dezembro, relativas à arrematação dos impostos do mercado de Antonina, iluminação e serviço do transporte de lixo. O acervo patrimonial de TSG incluía um “extenso bananal”, haja vista esta nota de “A República” (258): “Do bairro da Faisqueira chegam notícias dos danos causados pelos gafanhotos. No extenso bananal do coronel Theophilo Soares Gomes produziram grandes estragos. Neste momento intensa nuvem atravessa por cima da cidade em direção à serra da Graciosa”. O prefeito TSG recepcionou o presidente Afonso Pensa em Antonina quando este retornava de Curitiba rumo a Paranaguá, onde deveria embarcar, a fim de prosseguir sua viagem rumo a Santa Catarina. Segundo “A República” de 8 de agosto de 1906 (259), Afonso Pena, com sua comitiva, desceu para a região litorânea em trem especial. Seu objetivo era embarcar no vapor “Maranhão”, ancorado na baía de Paranaguá. Mais ou menos às 3 horas da tarde chegou a Antonina. Foi recebido na estação pelo prefeito TSG e outras pessoas. “Convidados pelo digno coronel Theophilo, foram os itinerantes até a sua aprazível residência, onde foi servido um profuso lunch em belíssimo caramanchão, adrede preparado”. Ao champagne, TSG fez um discurso (transcrito na íntegra nessa edição do jornal) em que saúda o presidente e afirma que o município não tem merecido a atenção dos governos da União. Cita como exemplo o porto, há muito abandonado. Agora recebe melhoramentos mas “reclama ainda medidas mais eficazes e poderosas” Depois, o presidente visitou o morro do Bom Brinquedo “de onde contemplou o vasto panorama que dali se descortina” e seguiu viagem para Paranaguá. Nesta cidade, houve um banquete no próprio navio “destinado a 100 talheres”, com a presença do vice-presidente do Estado e outras autoridades. TSG também participou do banquete. O navio “Maranhão” seguiu depois para Santa Catarina. Em 18 de dezembro de 1906, consta em “A República” (260) um Comunicado do médico Alcebíades Rotoli contestando o correspondente de “A Notícia” sobre a falta de médico em Antonina e o mau estado sanitário da cidade. De fato, o Dr. Loyola retirou-se e é esperado médico do Rio de Janeiro. Enquanto este não vem, porém, Alcebíades ofereceu (gratuitamente) os seus serviços ao prefeito e provedor da Santa Casa TSG. Assim, ele atende aos doentes pobres do município e aos dessa instituição. Diz que o estado sanitário da cidade é relativamente bom, a não ser pela coqueluche. Mas em Paranaguá a mortalidade infantil pela coqueluche é muito superior à de Antonina. Em 1907, notas elogiosas e críticas ao prefeito TSG por causa das modificações urbanas em Antonina continuam a aparecer na imprensa. Em 30 de janeiro, “A República” publica mais uma nota elogiosa (261). Em 2 de fevereiro (262), traz artigo, assinado por Décio D’Altina, sobre os melhoramentos urbanos em Antonina, graças aos “ingentes esforços” do prefeito TSG. Dentro de dois meses será inaugurado o sistema de iluminação elétrica (acabando com a iluminação a querosene). O autor admira-se com a transformação da cidade no período de um ano: ruas calçadas, “espaçoso e higiênico Mercado”, Teatro Municipal reconstruído, construção do Trapiche Municipal (“vasto edifício erguido no cais, e onde são recolhidas as cargas desembarcadas”), casa da Câmara, lavanderias públicas em diversos pontos da cidades em benefício das classes pobres, chafarizes em quase todas as ruas e praças, ajardinamento da Praça da República etc Terá em breve um jornal semanal, “ideia patrocinada” por TSG. E em 6 de fevereiro (263) outro artigo assinado por Décio D’Altina critica um certo “bacharel Polycarpo” redator do jornal “A Notícia” que faz oposição a TSG em Antonina. Refere-se ao líder da oposição assim: “O antigo tropeiro hoje feito chefe dos oposicionistas de Antonina /.../ Afirma que acertaram na escolha do redator do jornal “visto que o bacharel Polycarpo, segundo todos sabem, é sócio da firma Marçallo & Cª, de que fazem parte os mais energúmenos inimigos políticos” de TSG. A revista “Renascença”, do Rio de Janeiro, em janeiro de 1907, numa edição dedicada ao Estado do Paraná, com muitas fotos, aborda (na p.8/58, conforme a numeração do acervo digitalizado) o município de Antonina, destacando as obras do prefeito TSG, que assumiu em 1904. Contém foto de sua residência e do teatro em construção (264). O presidente Vicente Machado falece nesse ano de 1907. Em 9 de março, “A República” (265) informa que teve lugar “hoje” às 9 horas na Catedral de Curitiba a celebração do ofício religioso pela alma do político. Foi “executada a missa de Gruber, especialmente composta para os funerais da imperatriz Elisabeth da Áustria”. Na relação numerosa das pessoas presentes consta o nome de TSG. Como o cargo de prefeito era de confiança do presidente da província, logo depois do falecimento de Vicente Machado TSG busca afastar-se desse cargo. Em 17 de abril consta no jornal (266) que foram concedidos ao prefeito TSG três meses de licença para tratamento de saúde. Será substituído nesse período pelo presidente da Câmara de Antonina tenente-coronel Antônio José Leite Mendes. No dia 19 ele já está em Curitiba, como delegado do diretório municipal de Antonina (do qual era presidente), para participar da convenção de seu partido, que será realizada no dia 21 (267). Em “A República” do dia 22 (268) consta matéria sobre tal convenção que se destina a escolher o novo diretório central do Partido Republicano Federal, em decorrência da morte de Vicente Machado, cuja vaga deve ser preenchida. É eleito presidente do diretório e chefe do partido João Cândido Ferreira; membros: Dr. Victor do Amaral, coronéis Luiz Antônio Xavier, Joaquim Monteiro, Theodorico dos Santos (delegado de Paranaguá) e Olegário Macedo. Após o evento, os convencionais decidem ir ao Palácio do Governo para cumprimentar o Dr. João Cândido, chefe do poder executivo do Estado. Em 23 de julho de 1907 TSG deixa a prefeitura de Antonina, conforme decreto de exoneração do Vice-Presidente do Estado, sendo substituído pelo coronel Libero Guimarães. Na mesma data, TSG é nomeado por aquela autoridade para exercer interinamente o cargo de chefe da Comissão de Colonização (269). Uma crônica dessa época publicada em “A Notícia” (270) fala sobre os transeuntes da rua XV, em Curitiba, e assim refere-se a TSG: “O primeiro cumprimento do dia fez-nos o respeitável sr coronel Theophilo Soares Gomes, vestindo longo sobretudo claro, em gola de veludo, luvas de pelica marron, girando, no seu garbo imponente, custoso guarda-chuva, de castão de ouro”. Ainda em agosto de 1907, duas notas em “A República” revelam regozijo da população de Antonina pela inauguração da luz elétrica na cidade. Na edição do dia 15 vinte pessoas aí citadas assinam telegramas enviados de Antonina a TSG comunicando-lhe que “Acaba de ser feita experiência luz elétrica com magnífico resultado”. Na do dia 19 as notas de Antonina enviadas por Octavio Secundino de Oliveira elogiam TSG pela inauguração da luz elétrica e outros melhoramentos na cidade (271). A julgar pelo que ocorria com o próprio TSG, conforme mostram numerosas notas na imprensa nesse sentido, era comum na época os apoiadores ou amigos da autoridade que chegava ou partia se reunirem na estação ferroviária, ou no cais do porto, para lhe darem as boas-vindas ou se despedirem dela. “A República” em 17 de agosto de 1907 publicou nota relativamente à chegada do Dr João Cândido Ferreira, procedente da Capital Federal (Rio de Janeiro), que dada a sua importância política e a do cargo que ocupava, assumiu proporções maiores. TSG, segundo se lê no jornal, foi um dos responsáveis pelas atividades incluídas na programação da recepção dele. A programação abrange 4 dias. TSG foi um dos encarregados da “Decoração das praças” (juntamente com Romário Martins e Dr. João Perneta) e também de “Raid e pic-nic” (com o coronel João Taborda e o major Paulo Assumpção). Outras atividades incluíam desfile das escolas, das colônias, concerto e corridas. Mas o presidente em exercício só chegará aqui, na estação ferroviária, no dia 7 de setembro, um sábado, conforme a programação revista dos festejos publicada pelo jornal. O pic-nic e as corridas foram canceladas, tendo em vista o mau tempo. Na terça-feira haveria um “concerto de gala” no teatro Guayra em honra do homenageado (o jornal transcreve o programa desse concerto). TSG integrou a lista dos 10 membros da comissão organizadora da programação (o primeiro deles é Luiz Antônio Xavier) (272). Relativamente à sua nova condição, de chefe da Comissão de Colonização, algumas notas do jornal mencionam TSG. Assim, em 26 de agosto de 1907, artigo sob o título “Rio Negro”, que trata de seu distrito de Campo do Tenente (o qual vem se desenvolvendo rapidamente, segundo a matéria), pede que a comissão de colonização, ora chefiada por TSG, “faça uma visita às terras adjacentes para conhecer a sua importância” (273). Em 5 de outubro, o jornal informa que estiveram “hoje” na estação do Barigui, visitando a hospedaria de imigrantes ali estabelecida, o secretário de Obras Públicas Francisco Gutierrez Beltrão, o coronel TSG, diretor do Povoamento do Solo, engenheiro Pimentel e Julio Pernetta, secretário da repartição colonizadora. E no dia 12 do mesmo mês informa que estiveram “ontem” em Porto d’Água o secretário de Obras Públicas F.Gutierrez Beltrão e o diretor da Comissão de Colonização, TSG. Consta que naquele local será construído um amplo pavilhão destinado à hospedaria dos imigrantes que brevemente chegarão ao Paraná (274). Ainda no mesmo ano, “A República” publica edital, datado de 14 de dezembro de 1907, em que o secretário Júlio Perneta comunica, de ordem do coronel TSG, “Chefe interino da Comissão de Colonização”, que durante 15 dias “fica aberta, em concorrência, o serviço de transporte de imigrantes que se destinarem a este Estado, de bordo dos vapores para a hospedaria, no Porto de D. Pedro 2º em Paranaguá, assim como as respectivas bagagens, e para o fornecimento de alimentações e dietas aos mesmos durante o ano de 1908” (275). Outras notas informam que TSG, chefe do serviço de colonização, e dr. Manoel F. Ferreira Correia, fiscal federal, visitaram “hoje” (21 de dezembro) a hospedaria do Barigui, constatando que ela está em condições de receber os imigrantes que vêm chegando ao Estado. Informa também, em 28 de dezembro, que TSG, chefe da Comissão de Colonização, adquiriu armazém de antiga fábrica de vidros, nas circunvizinhanças da cidade, para hospedaria dos imigrantes que entrarem nesta capital. O imóvel passará por reformas necessárias ao conforto e higiene dos imigrantes (276). Na edição de 30 de janeiro de 1908 consta em “A República” que a convite de TSG, “diretor da inspetoria de imigração”, representante do jornal visitou “o edifício destinado a receber as levas de imigrantes que se destinam ao nosso Estado”. A nota, intitulada “Hospedaria de imigração”, descreve as características do edifício, com capacidade para acomodar cerca de 800 pessoas. Um ramal da estrada de ferro dirige-se até a porta da hospedaria. São administradores e contratantes da obra Caetano Marquezino e Francisco Bertagnolle, que transformaram o antigo barracão da fábrica de barricas de Pedro Fonseca nesse estabelecimento (277). Em 29 de julho de 1908, TSG foi nomeado Fiscal Geral da Fazenda pelo Decreto nº 467 do presidente Francisco Xavier da Silva. O Decreto nº 466 da mesma data criou esse cargo junto à Secretaria de Finanças e definiu suas funções. A remuneração anual do Fiscal Geral era de 6:000$000 (278). Em 23 de novembro do mesmo ano, consta em “A República” que o “Colégio de Sião” realizou “ontem” festa de encerramento do ano letivo. As colegiais executaram um programa musical e literário (aí transcrito) para demonstrar o seu aproveitamento, abrangendo peças ao piano, recitação (em inglês, alemão e português) e canto coral. Estavam lá o presidente Xavier da Silva, o bispo diocesano, o senador Alencar Guimarães e outras personalidades, inclusive TSG. “Finda a bela festa infantil”, os presentes visitaram a exposição anual de pintura. É mencionada aí a senhorita Sarah Soares Gomes, filha de TSG, cujos trabalhos de desenho e pintura foram admirados (279). Em 7 de dezembro haverá eleição. É o que informa “A República” que traz inscrito em seu cabeçalho – “órgão da Coligação Republicana do Paraná” (não mais “órgão do Partido Republicano Federal”). Conforme Boletim Eleitoral aí publicado, relativamente a tal eleição, o Diretório Central da Coligação Republicana do Paraná indica Afonso Alves de Camargo para o cargo de 1º vice-presidente do Estado, vago pela renúncia de Generoso Marques. Diversas comissões foram escolhidas dentre os correligionários para se ocuparem dos serviços eleitorais. TSG é um dos membros da 5ª seção (280). Logo no início de 1909, matéria do jornal mostra um tipo de diversão da “vida chic curitibana” nessa época. TSG é aí mencionado. Ele foi juiz do “pic-nic smart”, realizado no bosque dos Atiradores, com a presença da banda do Regimento de Segurança. Perto de cem pares bailaram num pavilhão ali localizado. Depois houve o “roly-paper”, em que duas jovens fugiram em faetons (segundo o dicionário Aurélio, “carruagens leves, sem cobertura, de quatro rodas”) para serem procuradas pela cidade mais tarde. Depois de 40 minutos de sua partida um bando de cavalheiros saiu no seu encalço. Seraphim França foi o vencedor. Localizou as moças na chácara do barão de Capanema. Houve ainda churrasco. Às 5h da tarde, desfile de carruagens na rua Comendador Araújo. No Cassino Curytibano, soirée. Praticava-se jogo de lança-perfumes e flores no intervalo das danças (281). Nova eleição ocorrerá em 30 de janeiro. A Coligação Republicana escolheu as comissões que se ocuparão dos serviços eleitorais. TSG, que a ela está vinculado, integra a 5ª seção. Nesse pleito haverá renovação do terço do Senado e Câmara dos Deputados no triênio 1909-1911. Para Senador é indicado Generoso Marques e para deputados são indicados quatro nomes, um dos quais Carlos Cavalcanti de Albuquerque (282). Mais tarde, no mesmo ano, TSG é um dos 4 membros da Junta de Revisão e Sorteio do Alistamento Militar. Na edição de 6 de julho de 1909, “A República” publica dois quadros. No primeiro, mostra que, dos 10.601 cidadãos alistados nos 26 municípios do Estado, a Junta isentou 191 do “serviço ativo em tempo de paz” e excluiu 1566 “do alistamento de 1908”, restando 8.844 “para o serviço de paz e de guerra”; no segundo, discrimina estes 8.844 pelos 26 municípios e por classes, de 1878 a 1887 (283) Nessa época, o coronel Joaquim P. Pinto Chichorro Jr, amigo de TSG, era o Secretário de Finanças do governo do Estado (gestão Francisco Xavier da Silva). Em 9 de agosto consta em “A República” (284) a troca de correspondências entre Pamphilo d’Assumpção, presidente da Associação Comercial, e TSG, inspetor da Fazenda Estadual. Pamphilo agradeceu os esforços de TSG em aproximar a diretoria da Associação Comercial do Secretário de Finanças, do que resultou um acordo sobre a questão da arrecadação do imposto de patente comercial, “conciliando os interesses de ambas as partes”. Ainda em 1909, o jornal menciona TSG em outras edições. Na de 19 de outubro, ele é citado dentre as autoridades que, na gare da estrada de ferro, aguardavam os senadores paranaenses Alencar Guimarães e Generoso Marques, que chegaram “ontem” a Curitiba “pelo trem do interior” (285). Em outras edições, refere-se a uma viagem do “fiscal geral da Fazenda” a Jacarezinho (286). Por outro lado, em 22 de novembro, uma segunda-feira, “A República” informa que no sábado último houve festa no “Tennis-Club Curytibano” e destaca a participação feminina. Dentre as senhoritas presentes, é citada “Mlle. Theophilo Soares” (287). No início de 1910, em janeiro e fevereiro, algumas notas no jornal tratam da visita que TSG fez à cidade de Palmas, como delegado da Comissão Central de Limites. Ele seguiu para lá em 27 de janeiro e retornou a Curitiba em 13 de fevereiro. A visita está relacionada ao movimento de paranaenses descontentes com a forma como estava sendo encaminhada a questão de limites com Santa Catarina sobre o território contestado. Na edição de 7 de fevereiro de “A República” (288) constam dois telegramas de Palmas do dia 6 informando sobre grande festa popular a ser realizada “amanhã”. Haveria grande baile oferecido, pelo Batalhão Patriótico e Comitê de Senhoritas, ao cel. TSG, delegado do Comitê Central. “O comitê está providenciando sobre fardamento e armamento do Batalhão Patriótico” em organização. São criticados os “ingratos catarinenses que aqui residem”. No dia 9 de fevereiro, o jornal publica, na p.2 (289), nota sobre o movimento de paranistas (também mulheres) em Palmas que menciona TSG. Pelo Batalhão Patriótico, no evento social realizado, falou o Dr. Hugo Simas. TSG “pronunciou brilhante discurso, de que o ‘Palmense’ publicará um resumo”. “Foram oferecidos, profusamente, pelo coronel Theophilo, licor e cerveja, sendo erguidos calorosíssimos vivas aos defensores da causa paranaense”. A p. 1 dessa mesma edição informa que TSG, “delegado do Comitê Central de Limites em Palmas”, enviou telegrama cumprimentando o marechal Hermes da Fonseca, que esteve em Paranaguá por algumas horas. Ele é candidato a presidente da República (e Wenceslau Braz a vice) na eleição a realizar-se em 1º de março próximo. Na edição de 10 de fevereiro (290), consta telegrama de Palmas do dia 9 informando sobre a festa-baile ali realizada. Informa também que TSG seguiu para Curitiba numa diligência. Na despedida, “além da ponte das Caldeiras” (à qual compareceu o coronel Duda Pimpão), o major Cunha Sobrinho pediu a TSG “que transmitisse ao Comitê Central a atitude de resistência da população palmense”. Houve boatos de que capangas armados de gente ligada ao comitê catarinense poderia vir a Palmas ou atacar na estrada a diligência em que seguira TSG. Mais de cinco meses depois, o jornal (291) publica um “Manifesto ao povo” divulgado pela Comissão Central de Limites, inconformada com a “última sentença do Supremo Tribunal Federal dando ganho de causa à ambição catarinense”. Assinam os 16 membros da Comissão presidida por Afonso Alves de Camargo. Um dos integrantes é TSG. Outros: Dr. João de Menezes Dória, Romário Martins. Em 1º de julho, ainda em 1910, “A República” (292) informa que TSG, “fiscal geral da fazenda do Estado”, instalou a Coletoria das rendas estaduais em Ponta Grossa. A questão dos limites entre o Paraná e Santa Catarina continua a preocupar os paranaenses. Em 1º de setembro o jornal publica matéria sobre o 3º Congresso de Geografia, de caráter nacional, que iniciará em Curitiba dia 7 de setembro próximo. Dentre as “memórias recebidas” inclui-se um trabalho de Romário Martins sob o título “Os limites do Paraná em face da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal”. TSG participa do evento. Em 23 de setembro, TSG é mencionado na relação dos 117 participantes desse Congresso como representante do presidente do estado de Goiás. E em 14 de outubro, o jornal publica um “Manifesto” do “Comité Central de Limites do Paraná à Nação Brasileira”, assinado por TSG e os outros 19 membros do Comité, que é presidido por Afonso Alves de Camargo e secretariado pelo Dr. Jayme Reis (293). No dia 29 de outubro de 1911 haveria eleição para presidente do Estado e deputados ao Congresso Legislativo. O engenheiro militar Carlos Cavalcanti era o candidato a presidente pelo Partido Republicano Paranaense. Por isso, o PRP já escolhera os correligionários que iriam atuar nessa eleição nas diversas seções da Capital. TSG é um dez nomes da 5ª seção (outro é Romário Martins) (294). Carlos Cavalcanti é eleito. Conforme o jornal de 19 de dezembro, TSG é um dos integrantes da comissão incumbida de promover a recepção do “presidente eleito do Estado”. Outros membros da comissão: Cel Luiz Xavier, Dr Afonso Camargo, Dr João Perneta, Ten. Fabriciano Rego Barros etc (295) Já em 1912, 19 de janeiro, o jornal publica matéria sobre a festa no Club Coritibano em homenagem a Carlos Cavalcanti e sua esposa. Dentre as senhoras presentes, menção a “Mme. Theophilo Soares Gomes”. Este também é citado, no rol dos cavalheiros presentes (296). A propósito, havia uma relação de parentesco entre a esposa de Carlos Cavalcanti, Francisca Munhoz, e Julieta, meia-irmã de TSG, esposa de Florêncio José Munhoz, tio da 1ª. dama (Florêncio e Julieta foram os pais de minha avó Arabela). Em 27 de fevereiro, “A República” informa que houve transmissão do cargo de secretário de finanças do governo do Estado (ao qual TSG estava subordinado). Assume o dr. Ernesto Luiz de Oliveira em substituição ao coronel Chichorro Júnior. Em uma portaria, este afirma que permaneceu por cerca de 7 anos à frente da secretaria de Finanças, Comércio e Indústrias (sic) (297). Mas logo houve mudança novamente de secretário pois no mesmo jornal, já na edição de 1º de abril de 1912,consta que TSG, “inspetor fiscal”, regressou do litoral juntamente com o secretário de fazenda Arthur Franco. E em 21 de maio informa que TSG, “fiscal da Fazenda”, segue “amanhã” para o norte do Estado acompanhando Arthur Martins Franco, secretário da Fazenda (298). Em 22 de abril, o jornal publica um anúncio do Banco de Curitiba, em que consta seu capital (500.000$000), os nomes da diretoria, conselho fiscal, suplentes e fiscal do governo. Esse é o coronel TSG. Menciona as atividades que o Banco executa. Ele está estabelecido à praça Tiradentes nº 35. Na mesma página há um anúncio da “Mutua Constructora”- “Sociedade Anônima de Pecúlios e Sorteios Prediais” em que consta a diretoria, o conselho fiscal, suplentes e o resumo de seus estatutos. O “Coronel Theophilo Soares” é um dos três membros do conselho fiscal (299). Quase cinco meses depois, conforme o jornal, telegrama do Rio, do dia 16 de setembro, informa que foi declarada sem efeito a nomeação de TSG para fiscal do governo junto ao Banco de Curitiba (300). Mas ele reassumirá tal função pois em “A República”, de 14 de março de 1913, que publica o relatório do Banco de Curitiba, apresentado pelo seu presidente aos acionistas, e balanços, TSG consta como fiscal do Banco por parte do governo do Estado (301). E continua sua vinculação à “Mútua Construtora”, como se vê pela matéria sobre ela, publicada pelo jornal em 3 de dezembro (302). Os acionistas dessa entidade se reuniram e três deles, Romário Martins, Theodorico Bittencourt e TSG, foram encarregados de elaborar o Regulamento “para a construção de prédios aos respectivos mutuários, para pagamento em pequenas prestações mensais.” TSG, enquanto exercia a atividade de “fiscal geral da fazenda” do Estado, não cuidava diretamente de seu grande bananal. Ele o havia arrendado, conforme mostra matéria publicada em “A República” sobre uma Cooperativa de Frutas que inclui carta de Marçallo, Laborda& C. onde se defende de criticas. Cita TSG nesta passagem: “O preço que pagamos por dúzia de cachos de banana é 4$500 e não 4$000 como vos informaram. E estamos convencidos que não é prejudicial tal preço ao agricultor, porquanto o sr coronel Theophilo Soares, homem inteligente e que bem conhece tal indústria, arrendou à firma Laborda Leandro & Ca em 1911 o seu bananal, que é um dos maiores do Paraná, cobrando somente 4$200 pelos cachos de 5 a 6 pencas, e isto na época em que a concorrência era mais intensa” (303) Nesse mesmo ano de 1912, quando o Estado ainda estava sob o impacto emocional da morte recente e inesperada do coronel João Gualberto nos campos do Irany pelos caboclos rebeldes da região do Contestado, o jornal, em 24 de outubro (304), informa sobre o embarque de novas forças para o interior. Trata-se do “restante das forças do Regimento de Segurança com destino a Palmas”. Embarcaram na Estrada de Ferro 190 homens e 55 cavalos. Os cavalos foram transportados em quatro carros. Três outros carros eram de carga e munições. Embarcaram os oficiais major comandante Fabriciano do Rego Barros, tenente Heitor Guimarães e Sílvio von Erven (sic), além de três alferes, dois médicos e um tenente farmacêutico. Voluntariamente, também partiram os drs. Jayme Reis e Xavier Filho e o “coronel da Guarda Nacional” TSG. O presidente Carlos Cavalcanti (que perderia um cunhado nessa campanha, em fevereiro de 1915) e secretários de Estado assistiram ao embarque, “que foi deveras comovedor”. TSG retornaria de Palmas em 13 de novembro, “para onde fora com a coluna Fabriciano. Naquela localidade “bons serviços prestou, auxiliando as autoridades na manutenção da ordem legal” (305). TSG e família pertenciam à “elite refulgente da alta sociedade curitibana”. É assim pelo menos que “A República” (306) chama os convidados recebidos no Palácio Rio Branco pelo presidente Carlos Cavalcanti e “mme. Francisca Cavalcanti”. TSG, esposa e filha estiveram presentes nessa festa, em que houve discursos e a execução de peças musicais ao piano. Emiliano Perneta declamou um poema. Música e poesia para desfrute da classe dominante... Em 1913, as menções a TSG na imprensa iniciam, no final de janeiro, por uma referência àsua vida social. Informa “A República” (307) que o Club Coritibano designou comissões para os festejos carnavalescos. Na comissão do “Salão”, um dos integrantes é o coronel Fabriciano do Rego Barros. TSG é um dos “Diretores do Salão”, juntamente com o dr. Petit Carneiro e outra pessoa. Em fevereiro, nota no jornal (308) afirma que o general Alberto de Abreu, Inspetor Permanente da IIª. Região convidou TSG, “comandante superior da Guarda Nacional, para assistir, junto do seu Estado Maior, a parada das forças da guarnição que terá lugar no dia 24, na Praça da República, em honra ao aniversário da promulgação da Constituição”. TSG designou o capitão Joaquim Américo Guimarães para representá-lo, “visto ainda achar-se em franca convalescença de grave moléstia”. TSG apoiava a candidatura do senador Pinheiro Machado (que, anos antes, havia combatido os federalistas ou maragatos) para a sucessão do marechal Hermes da Fonseca na presidência da República. Isso é o que mostra manifestação nesse sentido, enviada pelo diretório do município de Curitiba ao Diretório Central do Partido Republicano Paranaense, assinada por ele e outros (309). Ainda em maio de 1913, “A República” (310) publica nota sobre a morte da sogra de TSG, d. Cherobina Marcondes Alves de Araújo, esposa do comendador Henrique Alves de Araújo. Ela nascera em Palmeira e contava 57 anos. Essa sobrinha do conselheiro Jesuíno Marcondes era mãe de D. Maria Rosa, a 2ª. esposa de TSG. Uma outra filha sua casou com o Dr. João Evangelista Espíndola. No começo de junho, o jornal publica telegrama de Rio Negro, do dia 4, informando que TSG (então “Fiscal Geral da Fazenda estadual”) está nessa cidade e seguirá “amanhã” para Três Barras a fim de “verificar como está sendo feito o serviço de fiscalização da exportação de madeira da Lumber Company” (311). Em agosto, TSG volta a ser mencionado no jornal. Começaria no dia 6, em Antonina, as novenas preliminares da festa da padroeira da cidade, N.Sra do Pilar. A festa se estenderia até o dia 15. TSG é um dos festeiros (312). Uma nota interessante do jornal mostra que nessa época (agosto de 1913) era possível também vir a Curitiba de trem, desde o Rio de Janeiro, via S.Paulo (comumente, vinha-se pelo mar, até Paranaguá, e depois subia-se a serra, de trem): “A República” noticiou, em 25 de agosto, que TSG e família chegariam “amanhã” pelo “expresso paulista”, vindos do Rio de Janeiro (313). Em setembro, “A República” (314) informa que perante o coronel TSG, comandante da Guarda Nacional, prestou o “compromisso legal” o nomeado comandante da 5ª Brigada de Artilharia da Comarca do Rio Negro, por procuração (dada a Dario Vellozo). Nesse mesmo mês, o jornal informa que Sara Soares Gomes, filha de TSG, ficou noiva do Dr. Hygriville (sic) Hintze, “funcionário da Secretaria da Agricultura” (315). A edição de “A República” de 20 de dezembro (316) refere-se às comemorações do dia anterior, aniversário da emancipação política do Paraná. Dentre essas comemorações, houve recepção no palácio presidencial. Carlos Cavalcanti e sua esposa receberam os convidados. Dentre os que compareceram à recepção são citados TSG e família, e também o capitão Sílvio van Erven (cuja esposa era prima da 1ª dama). Este pertencia ao Corpo de Bombeiros, instituição criada em 1912 pelo presidente Carlos Cavalcanti. Nessa edição de 20 de dezembro, TSG e família, e Dr. Adolar Hintze, são citados no rol dos presentes à sessão solene realizada “ontem” no palácio legislativo em comemoração do primeiro aniversário de fundação da Universidade do Paraná. Em março do ano seguinte, 1914, “A República” (317) publica a ata da reunião de acionistas do Banco de Curitiba em que são mencionados TSG e seu tio Antônio Soares Gomes. Duas edições do jornal, uma em maio e outra em julho de 1914 (318), mencionam os casais TSG e esposa assim como seu genro Adolar Hegreville Hintz e sra. dentre as presenças arroladas nas recepções do Palácio Rio Branco promovidas pelo presidente Carlos Cavalcanti e esposa. Na segunda é citada também a presença do tenente Caetano Munhoz (irmão da 1ª dama, que viria a morrer, sete meses depois, na Campanha do Contestado). Aliás, o nome desse tenente, juntamente com o de TSG, “comandante superior da Guarda Nacional”, consta no rol de pessoas que acompanharam o enterro do capitão Mattos Costa realizado “ontem”, segundo “A República” de 16 de setembro (319). A nota do jornal afirma que ele foi “morto heroicamente, em defesa da ordem, pelos bandoleiros que infestam os sertões do nosso Estado”, refletindo aqui o ponto- de- vista enviesado da imprensa da época. Nesse final de 1914, TSG é ainda mencionado em notas relativas ao costume local de se receber, na estação da estrada de ferro, as lideranças políticas que chegavam à cidade, geralmente procedentes do Rio de Janeiro, então a capital do país, via porto de Paranaguá. Assim, o jornal de 10 de outubro noticia que TSG, “Inspetor das Rendas Estaduais”, foi uma das autoridades que recepcionaram na gare da Estrada de Ferro o Dr. Generoso Marques, que “representa o nosso Estado no Senado Brasileiro”. E em 15 de dezembro consta que ele, juntamente com outros, recepcionou no mesmo local o senador Alencar Guimarães (320). Em 12 de fevereiro de 1915 consta nota em “A República” (321) sobre a chegada do corpo do tenente Caetano José Munhoz na Estação Ferroviária, morto na campanha do Contestado. Foi recebido pelo presidente Carlos Cavalcanti (seu cunhado) e outras autoridades. Dentre as pessoas que acompanharam o préstito fúnebre, da catedral até o cemitério municipal, são citados TSG e o capitão Sílvio van Erven. O tenente era filho de Alfredo Munhoz (tio de Arabela, esposa de Sílvio) e irmão de Francisca (Sinhaca), esposa de Carlos Cavalcanti. Nesse ano de 1915, o jornal registra muitas visitas de TSG ao presidente Carlos Cavalcanti, no palácio Rio Branco. TSG também é citado, na edição de 18 de março (322), dentre as pessoas que estiveram na estação ferroviária para se despedir de Afonso Camargo, 1º vice-presidente do Estado, que seguiu para o Rio de Janeiro, via S.Paulo. Em 12 de abril, “A República” (323) publicou esta nota sobre o telegrama recebido por TSG e enviado pelo comandante das forças oficiais destinadas a exterminar os caboclos rebelados: “O sr coronel Theophilo Soares Gomes recebeu ontem de Porto União o seguinte telegrama do sr general Setembrino de Carvalho: Porto União, 11- Muito agradeço vosso expressivo telegrama nossas forças tomado último reduto inimigo da ordem. Saudações cordiais (a) General Setembrino”. Quase três meses mais tarde, em 8 de julho, o mesmo jornal (324) noticia o embarque para o Rio de Janeiro do general Setembrino de Carvalho, “o pacificador dos sertões paranaenses” (sic). Dentre as pessoas que estiveram na estação ferroviária para se despedir dele consta o nome de TSG. Em 7 de novembro realizaram-se eleições para presidente do Estado, vice-presidente e deputados, conforme a edição de 8 de dezembro de “A República” (325) que informa sobre os trabalhos em andamento da Junta Apuradora. O mais votado para presidente era Afonso Camargo e para 1º vice-presidente, Caetano Munhoz da Rocha. TSG é citado como procurador deste (fiscalizava os votos em vez dele). O noticiário futuro do jornal mostrará que Afonso Camargo foi efetivamente eleito e tomou posse no cargo. No ano seguinte, 1916, “A República” de 3 de abril (326) , uma segunda-feira, informa que no sábado anterior foi inaugurada a exposição regional de produtos agropecuários em S. José dos Pinhais. O presidente Afonso Camargo e outras autoridades estiveram presentes. No almoço, dentre as pessoas que tomaram assento à mesa do presidente é citado TSG. Curitiba nesse ano, como outras cidades brasileiras, comemorou o feriado de 7 de setembro. Na matéria sobre tais festividades “A República” (327) menciona o coronel TSG, “comandante superior da Guarda Nacional”, e também o Corpo de Bombeiros, “comandado pelo sr capitão Sílvio van Erven” (na mesma matéria, é mencionado o coronel Fabriciano do Rego Barros, “comandante do Regimento de Segurança”). Um exemplo que confirma o aspecto conciliador do político TSG é dado por uma nota publicada em “A República” nesse mesmo mês de setembro de 1916 (328). Ela elogia a atuação habilidosa e conciliadora de TSG em Ponta Grossa, para onde foi enviado em missão delicada, como representante do Governo do Estado. Evitou o conflito entre dois grupos políticos rivais. Segundo o “Diário dos Campos”, as paixões violentas “podiam arrastar a cidade aos desvarios da luta armada. Porém, com honra para os políticos de ambos os grupos litigantes, a pendência será resolvida dentro das leis” (a questão tem a ver, aparentemente, com a legalidade ou não da posse dos novos camaristas eleitos em 25 de junho último). Em 13 de novembro do mesmo ano, consta no jornal matéria cobrindo a chegada do presidente eleito Afonso Camargo ao Paraná, sua recepção no litoral e depois em Curitiba. TSG representou o município de S. José dos Pinhais conforme se lê na relação das diversas delegações municipais presentes na recepção. A de Antonina foi integrada pelo seu prefeito Heitor Soares Gomes, filho de TSG, e outras pessoas (juiz de direito, camaristas, promotor público, deputado estadual etc). O “comendador” Alfredo Munhoz (cunhado de Julieta Soares Gomes, meia-irmã de TSG) integrou a delegação de Porto Amazonas. Conforme a edição do jornal de 3 de novembro, Affonso Camargo vinha da Capital Federal e TSG integrava uma Grande Comissão encarregada de bem recepcioná-lo no dia 12 do mês (329). Ainda em novembro, no dia 17, “A República” publica matéria sobre o banquete oferecido pelas autodenominadas “classes conservadoras” em homenagem ao presidente Affonso Camargo. Segunda a nota, o banquete, que se realizou no Palace Théatre, reuniu“os mais importantes comerciantes, industriais e capitalistas de Curitiba”. O poeta Olavo Bilac sentou-se ao lado do presidente. Dentre as presenças registradas consta o nome do coronel TSG. Em 20 de novembro, o jornal informa que no dia anterior houve comemoração da bandeira nacional em várias instituições com a presença de Bilac, inclusive no Regimento de Segurança, onde foi inaugurado um retrato do presidente Afonso Camargo, que esteve lá com sua comitiva. Dentre as pessoas ali presentes é citado TSG (330). No plano internacional, vivia-se a conjuntura da I Guerra Mundial. Em 16 de março de 1917, consta no jornal (331) matéria sobre a instalação no Paraná da Liga de Defesa Nacional, fundada no Rio de Janeiro em 7 de setembro do ano anterior, segundo seus estatutos aí transcritos. Também é transcrito um discurso de Olavo Bilac sobre os objetivos cívicos da Liga, criada por causa daquela conjuntura bélica que o mundo então vivia. TSG é um dos 25 membros que compõem a direção do Diretório Regional do Paraná dessa Liga, juntamente com o presidente Afonso Camargo, Caetano Munhoz da Rocha, monsenhor Celso, Emiliano Perneta, Nicolau Mader, Roberto Glaser etc São citadas também as Comissões de Delegados, no nível municipal. Heitor Soares Gomes é citado como presidente da Comissão de Antonina. Em diversos dias de abril, “A República” publica várias notas relacionadas ao tema e ao personagem objeto deste trabalho. No dia 12, a matéria de primeira página é sobre a situação internacional afetada pela I Guerra Mundial. No âmbito nacional ocorrem “manifestações patrióticas”. O Brasil rompeu relações com a Alemanha, que torpedeou e afundou um navio brasileiro. Nota informa que TSG, “comandante superior da Guarda Nacional deste Estado”, transmitiu ao ministro da Justiça um telegrama afirmando que a GN do Paraná “aguarda ordens da V.Exa, que cumprirá com prazer, sentido defesa soberania do Brasil” (332). No dia 13, realizou-se reunião da Liga de Defesa Nacional, convocada pelo presidente Afonso Camargo. TSG foi um dos participantes. Na p. 2 dessa mesma edição (uma sexta-feira), nota informa que TSG, “comandante superior da Guarda Nacional do Paraná, convidou os comandantes de brigadas e de corpos daquela milícia a se reunirem em sua residência no próximo domingo a fim de tratarem de interesses da defesa nacional” (333). No dia 16, o jornal, além de informar que TSG, “Comandante Superior da Guarda Nacional do Paraná”, reuniu ontem em sua casa vários oficiais da GN, “com o fim de tomarem medidas no sentido de aparelhar aquela milícia para a defesa da Pátria”, haja vista a conjuntura internacional, publica uma Ordem do Dia lida por TSG. Prevê-se a criação de uma Escola Prática e Tática para a GN do Paraná e uma sede permanente do quartel do comando superior. Na edição do dia 18, uma comissão de oficiais, nomeada por TSG, para estudar a reorganização da Guarda Nacional e a fundação de um Centro e uma Escola Prática de Infantaria convida toda a oficialidade da GN a comparecer, “com suas patentes ou talão do imposto respectivo”, à sede do Comando Superior à rua 15 de Novembro, 97, sobrado. O convite é assinado pelo secretário da comissão, tenente-coronel Romário Martins. No dia 20, é publicada uma Ordem do Dia, de ordem do coronel TSG, “Comandante Superior Interino” da Guarda Nacional do Paraná, assinada pelo tenente-coronel Adolar de Hegreville Hintz, “Secretário Geral, interino”, datada do dia 11 de abril. Nela consta que os Coronéis Comandantes de Brigada devem enviar, em 30 dias, ao Comando Superior um mapa contendo o nome e posto dos oficiais de cada corpo (334). A edição de 15 de maio de 1917, p.2, de “A República” traz matéria intitulada “A Guarda Nacional- Em reorganização”. A Comissão de Oficiais da GN que estuda os meios de reorganizá-la para “prestar os seus serviços constitucionais no caso de ser chamada a serviço ativo” apresentou seu relatório. Existe na comarca 446 oficiais, pertencentes aos corpos da capital 253 (distribuídos pela infantaria, cavalaria e artilharia). A Comissão propôs a criação de uma Escola Prática de Infantaria e a fundação de um Centro da Guarda Nacional. Na mesma p.2 consta a Ordem do Dia nº 3, de TSG, nomeando o Conselho de Qualificação de Guardas (um dos membros é Dario Veloso, “da 1ª companhia do 6º batalhão”) (335). Ainda nesse mês de maio, o jornal (336) informa sobre a Assembleia geral da Cruz Vermelha, que se reuniu no Club Curitibano. Ela elegeu o seu Conselho Diretor, composto de 30 membros, 15 senhoras (uma delas, Mercedes Fontana) e 15 cavalheiros. Quem presidiu a assembleia foi d. Isabel W. Gomm. TSG é citado no rol de “sócios” da Sociedade da Cruz Vermelha aí presentes. O país continua sensível à questão da sua defesa. Em 16 de julho, conforme o jornal (337), realizou-se em Curitiba uma assembleia geral da Diretoria Regional da Liga de Defesa Nacional, com a presença do presidente do Estado Afonso Camargo, presidente também do Diretório. A Liga vai promover uma série de conferências, “a pedido do Diretório Central”. Dentre os vários temas da programação, “A defesa da língua nacional” caberá ao poeta Emiliano Perneta. Em setembro do mesmo ano (1917), “A República” (338) publica Ata da Convenção do Partido Republicano Paranaense, realizada no dia 23 desse mês, para a escolha dos candidatos à eleição de deputados ao Congresso Legislativo do Estado que tem de servir na legislatura de 1918-1920 (são 30 os “lugares da deputação estadual”). TSG não é candidato mas seu filho, sim. O eng. Heitor Soares Gomes integra a lista dos 30 candidatos escolhidos pela Convenção. TSG é um dos delegados municipais à Convenção (por Curitiba). Em 1917, a conjuntura internacional condicionada pela I Guerra Mundial continuava afetando a vida paranaense. Na edição de “A República” de 30 de outubro (339) consta nota sobre reunião, convocada por TSG, de comandantes de brigadas e de corpos da Guarda Nacional. TSG faz um apelo para que estejam preparados (dado o estado de beligerância do Brasil “a que o forçou a Alemanha”), pois “Não sabemos qual o momento em que teremos a honra de ser chamados para o desempenho das funções que as leis nos traçam como defensores da República”. Afirma ainda que todos aqueles oficiais possuem uma patente “que nos coloca como reserva do exército permanente”. Na mesma página do jornal, uma outra nota, intitulada “A Audácia de um boche”, sobre incidentes ocorridos na redação do jornal, mostra o estado de espírito aqui reinante em relação aos alemães. Em 22 de novembro, “A República” (340) publica que o jornal “Razão” do Rio de Janeiro noticiou que há alemães, e seus amigos, “que contribuem para a guerra em favor da Alemanha”, entre eles o tenente coronel Bertholdo Hauer e o tenente Carlos Gaertner. O cel. TSG, comandante superior da Guarda Nacional no Paraná, determinou que fosse aberto inquérito a respeito. Outra nota informa sobre uma subscrição que teria sido feita junto à colônia alemã nesse Estado para levantar fundos para despesas de guerra, em favor do inimigo. Consta aí relação de nomes dos subscritores de Curitiba, inclusive “Jordão Mader”, “importante industrial de erva-mate”, segundo F.Negrão (era casado com uma meia-irmã de Florêncio José Munhoz, pai de Arabela, minha avó). A denúncia é de jornais do Rio e de S.Paulo. Um mês mais tarde, na edição de 22 de dezembro, são publicadas em “A República” (341) as Ordens do Dia nºs 12 e 13 do comando superior da Guarda Nacional do Paraná. Na de nº 12, TSG licencia da GN os cidadãos de nacionalidade alemã, “até segunda ordem”. A de nº 13, dentre outros assuntos, informa que o Comando Superior da GN passa a funcionar na Sociedade Ginástica Teuto-Brasileira, que cedeu seu edifício gratuitamente para tal fim. Em 1918, na edição de 7 de janeiro, o jornal (342) informa que se realizou no dia anterior a Convenção do Partido Republicano Paranaense para se pronunciar sobre as candidaturas do partido à próximas eleições federais de 1º de março. TSG é um dos delegados (por Castro). Para senador, foi escolhido o Dr. Generoso Marques dos Santos. Para deputados federais, cel. Carlos Cavalcanti de Albuquerque, cel. Luiz Antonio Xavier e cel Ottoni Ferreira Maciel. TSG é citado ainda nessa matéria como um dos signatários da moção proposta por Hugo Simas sugerindo que a Convenção envie ao presidente da República manifestação de aplauso e solidariedade pela declaração de estado de guerra contra a Alemanha, “pelos reiterados torpedeamentos de navios brasileiros”. Em “A República” de 6 de maio (343) TSG participa que transferiu sua residência da rua do Aquidaban (atual Emiliano Perneta) para a rua do Riachuelo nº 25, em Curitiba. Em 8 de novembro, na mesma edição (e página) do jornal (344) que anuncia o fim da I Guerra, após a rendição da Alemanha, é mencionado TSG como “chefe da Delegacia da 2ª. Linha do Exército neste Estado”. Anteriormente, “A República” já se referia a TSG como “ex-comandante superior da Guarda Nacional neste Estado” e publicava notas sobre as modificações que a Guarda Nacional estava sofrendo, para bem cumprir o papel que lhe fora atribuído de linha auxiliar do Exército (pelo decreto 13040, de 29.05.1918, a Guarda Nacional passou a vincular-se ao Ministério da Guerra, desvinculando-se do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, e foi transformada em Exército de 2ª Linha) (345). TSG torna-se assim coronel-chefe da 17ª. Delegacia do Exército de 2ª Linha, no Estado do Paraná, subordinada ao Ministério da Guerra (346). Em 1918, o “Almanak Laemmert” para esse ano, publicado no Rio de Janeiro, apresenta informações sobre todos os Estados da Federação. As que dizem respeito mais de perto ao nosso trabalho são as seguintes: TSG era o titular (“Inspetor”) da Inspetoria Geral de Rendas da Secretaria da Fazenda, Agricultura e Obras Públicas, situada à rua Marechal Floriano, 129, em Curitiba. O Secretário, na época, era Caetano Munhoz da Rocha, também vice-presidente do Estado (sendo presidente, Afonso Camargo), e o Diretor Geral, Alcides Munhoz. Integravam essa Secretaria de Estado a Tesouraria, a Inspetoria Geral de Rendas e a Inspetoria Agrícola, cujo sub-inspetor era Adolar Hengreville Hintz (genro de TSG). O mesmo Almanack, na seção relativa a Antonina, cita Heitor Soares Gomes dentre os “Agricultores e Lavradores” e Antônio Soares Gomes dentre os “Capitalistas”. Heitor Soares Gomes também é citado como Prefeito de Antonina. Os órgãos do Governo do Estado destacados pelo Almanak Laemmert são, além da Secretaria da Fazenda, Agricultura e Obras Públicas mencionada acima, a Secretaria do Interior, Justiça e Instrução Pública, o Corpo de Bombeiros (situado à rua Cândido Lopes, cujo Assistente do Comandante ten-cel Benjamin Lage era o cap. Sílvio van Erven, meu avô), a Diretoria de Obras e Viação e a Junta Comercial. No final de março de 1919, com a aproximação das eleições para presidente da República, o jornal informa que o PRP- Partido Republicano Paranaense—o partido de TSG—apoia o nome de Epitácio Pessoa para o cargo (347). Em junho, o jornal informa que TSG e outros dois suplentes passaram a integrar o Diretório Central (composto por 9 membros) do Partido Republicano Paranaense, face à renúncia do Dr. Generoso Marques e dos coronéis Luiz Antonio Xavier e Otoni Ferreira Maciel, em protesto pela escolha, pelo presidente Afonso Camargo, de Caetano Munhoz da Rocha como candidato do partido á presidência do Estado sem ouvir o Diretório Central e a Convenção partidária, nas eleições que se realizarão proximamente. Conforme circular do Diretório Central distribuída aos diretórios locais (348), haverá eleições para presidente, 1º e 2º vice-presidente do Estado e deputados ao Congresso Legislativo. Após a absorção da Guarda Nacional pelo Exército de 2ª Linha, TSG, integrante do quadro suplementar da arma de Infantaria, chefia tal organização no Paraná (349). Um ano mais tarde, conforme se lê em edital publicado em “A República”, ela constituirá a 8ª. Delegacia do Exército de 2ª. Linha. Nesse edital, TSG, chefe da Delegacia, manda todos os ex-comandantes de brigadas da extinta Guarda Nacional recolher seus arquivos àquela Delegacia. TSG cumpre ordem superior, do general chefe do D.G. II. Em meados de 1921, porém, o Departamento de 2ª Linha do Exército já estava extinto (350). Ainda em 1919, na edição de 19 de novembro (351), o jornal publica relação dos integrantes da diretoria e demais membros do recém-criado Centro Artístico do Paraná. Na Diretoria, o presidente honorário é o Dr. Afonso Camargo. O diretor-presidente é Paulo Assumpção. Há mais dois diretores. Há também um Conselho Econômico, Membros Acadêmicos (com diversas seções, de música, pintura, escultura etc. Essa seção de pintura é presidida por Alfredo Andersen e integrada por D. Francisca Cavalcanti de Albuquerque, D. Maria Amélia Motta d’Assumpção etc), Membros Protetores e Membros Diletantes das Belas Artes. Um destes é o cel. TSG. Em 1920, em 17 de junho (352), o Diretório Central do PRP (integrado por TSG) publica no jornal a sua chapa para “camaristas” (como chamavam então os vereadores) e “juízes distritais” do município de Curitiba, apresentando-a à consideração de seus correligionários na eleição do próximo dia 21. São 12 nomes propostos para camaristas (um deles é Jordão Mader, industrial, antes citado), Na edição de 21 de setembro, “A República” (353) informa que o eng. Heitor Soares Gomes, filho de TSG, seria empossado nessa data como prefeito de Antonina. Sua eleição havia sido questionada pelos adversários políticos,mas o Supremo Tribunal Federal decidiu favoravelmente a ele. Em 5 de outubro, o jornal (354) publica circular do Diretório Central do Partido Republicano Paranaense encaminhada aos diretórios municipais informando que a Convenção, a ser realizada no próximo dia 24 de outubro, deverá escolher os candidatos do PRP nas próximas eleições de senador e deputados federais (para a legislatura 1921-1923). Pede por isso a indicação do delegado que representará o diretório local naquela Convenção. Os signatários da circular são os 9 membros do Diretório Central: Afonso Alves de Camargo, Eurides Cunha, Arthur Martins Franco, João da Silva Sampaio, João Antônio Xavier, TSG, Francisco Killian, Brasílio Ribas e Percy Withers. Os candidatos escolhidos na Convenção de 24 de outubro de 1920, conforme se lê em edição posterior do jornal (355), foram, para senador, Carlos Cavalcanti de Albuquerque e, para deputados federais, Afonso Alves de Camargo, Lindolpho Pessoa da Cruz Marques, Plínio Marques e Luiz Bartholomeu de Souza e Silva. As eleições seriam realizadas em 20 de fevereiro de 1921. Ainda em 1920, consta em “A República” que TSG foi uma das pessoas que cumprimentaram o presidente Munhoz da Rocha na recepção do palácio Rio Branco em comemoração ao aniversário da emancipação política do Paraná. Outra nota, na mesma página, sob o título “Quartel do Corpo de Bombeiros”, trata da visita feita por representante do jornal às instalações do Quartel. A nota elogia o comandante cap. Sílvio van Erven, por encontrar “tudo na melhor disposição e ordem” (356). Em setembro de 1921, por meio de nota publicada no jornal (357), o Diretório Central do Partido Republicano Paranaense (assinam os 9 membros do Diretório, inclusive TSG) apresenta seus candidatos ao Congresso Legislativo do Estado. Um dos 30 nomes arrolados é o “Dr. Heitor Soares Gomes, engenheiro, industrial, residente em Antonina”, filho de TSG. As eleições serão realizadas em 1º de novembro. Os deputados servirão na legislatura 1922-23. No final de outubro, consta em “A República” (358) que o Diretório Central indica, na chapa de candidatos do PRP ao Congresso Legislativo, o coronel Ernesto Marcondes Carneiro, “fazendeiro, residente em Piraí”, em substituição ao coronel Francisco de Paula Killian, recentemente falecido (Killian era membro do Diretório Central, por isso só 8 membros assinam o comunicado, inclusive TSG). Na mesma página do jornal, sua coluna “Vida Social” registra, dentre os aniversariantes do dia: “A graciosa senhorinha Jandyra Reis Munhoz, prendada filha do saudoso sr. Franklin Soares Munhoz” (este irmão da minha avó Arabela suicidou-se aos 25 anos. Quantos dramas se escondem por trás da referência formal aos mortos na imprensa...). Em 1º de março de 1922 haverá eleição para presidente. O Diretório Central do Partido Republicano Paranaense “apresenta aos sufrágios de seus correligionários” os nomes dos “Drs. Arthur da Silva Bernardes e Urbano Santos da Costa Araújo, respectivamente, para Presidente e Vice-Presidente da República no quadriênio 1922-1926”. Assinam a nota os 9 membros do Diretório Central, inclusive TSG (359). Por ocasião do aniversário de TSG em 1922, quando ele completou 68 anos, o jornal publicou nota elogiosa (com foto) a seu respeito. Sob o título “Os patrícios ilustres”, consta que ele é “prestigioso membro do Diretório Central Republicano e vulto proeminente da nossa sociedade. Espírito culto, a que as letras patrícias devem o concurso de peças dramáticas justamente festejadas e patriota modelar, com uma folha de serviços reais ao seu torrão natal /.../” (360) TSG continua a exercer suas funções fazendárias, em cargo de confiança, no governo Caetano Munhoz da Rocha. É o que mostra a edição de “A República”, de 25 de maio de 1922 (361), onde, por meio de edital, TSG, Inspetor Geral da Inspetoria Geral das Rendas do Estado do Paraná, de ordem do Secretário Geral de Estado, publica a relação, por produtos, dos valores a serem cobrados do imposto de exportação. Em julho de 1923, aos 69 anos, aposenta-se do serviço público estadual. O “Diário da Tarde” informa que TSG foi homenageado pelos funcionários fazendários tendo em vista sua aposentadoria no cargo de Inspetor Geral por ato do 1º vice-presidente do Estado. Já “O Dia”, oposicionista, refere-se ao fato afirmando que, com a aposentadoria do cel. TSG, “inspetor geral das rendas”, esse cargo será suprimido. O jornal elogia a medida, pelo “alívio para o orçamento do Estado”. Esse cargo, chamado de “deliciosa teta”, foi “criado unicamente para premiar serviços públicos daquele coronel” (362). Dedica-se então inteiramente à política, sendo eleito deputado estadual para os biênios 1924-25, 1926-27, 1928-29 e 1930-31, mas neste último caso não exerceu o cargo em todo seu período por causa da eclosão da Revolução em outubro de 1930, que assinala o fim da República Velha, e da carreira política de TSG (ele que já fora também deputado estadual em 1891 e no biênio 1904-05, além de prefeito de Antonina no período 1904-07) (363). A mesma fonte informa que seu filho Heitor Soares Gomes (1888-1942) – engenheiro civil e professor na Universidade do Paraná -- exerceu o cargo de deputado estadual nos biênios 1918-19, 1920-21 e 1922-23, além de ter sido prefeito eleito de Antonina, de 1916 a 1924, interino de 1926 a 1928, e novamente eleito de 1928 a 1930. Como se vê, a carreira política de TSG e a de Heitor são complementares, e ambas pertencem ao mesmo período da nossa história republicana. Paralelamente aos cargos que ocupou, TSG também desenvolveu atividades políticas, durante muitos anos, como um dos 9 membros do Diretório Central do Partido Republicano Paranaense. Em fevereiro de 1924, segundo “O Dia” (364), TSG é um dos cinco deputados integrantes da Comissão eleita pelo Congresso Estadual “para verificar a legitimidade e o processo da eleição de Presidente e Vice-Presidente do Estado para o quatriênio de 1924-1928, realizada no dia 8 de julho de 1923”. Também em 1924, no mesmo jornal, na edição de 9 de março, consta nota sobre projeto de lei, apresentado no Congresso do Estado pelos deputados TSG e Oliveira Franco, autorizando o Governo “a fazer operações bancárias necessárias para fixar câmbio favorável ao pagamento dos ‘coupons’ da dívida externa”. Na edição de 11 de março, “O Dia”informa que foram apresentados dois projetos no Congresso Legislativo do Estado por um grupo de deputados, inclusive TSG. O primeiro restabelece a Diretoria do Contencioso, subordinada à Secretaria Geral do Estado, e o outro cria a Diretoria do Serviço de Água e Esgotos (365). Ao longo desse ano, em várias edições (por exemplo, 10 de fevereiro, 24 de abril, 21 de agosto, 11 de setembro), o jornal registra que TSG esteve no palácio do Governo, em visita ao presidente Caetano Munhoz da Rocha. Ainda em 1924, matéria publicada em “O Dia” (366), de oposição ao governo estadual, sob o título “A Prefeitura de Antonina”, é hostil a Heitor Soares Gomes. O jornal espera que o presidente do Estado convide para governar Antonina outra pessoa, “um ilustre antoninense que ora desempenha no Paraná alta função federal”. No ano seguinte, 1925, na edição de 17 de janeiro, “O Estado do Paraná” (367) publica, na seção relativa às atividades do Congresso Legislativo do Estado, o parecer das comissões de Fazenda e Constituição e Justiça—assinado por quatro deputados, um deles TSG e outro, o relator Oliveira Franco – sobre o projeto nº 77 do ano anterior (1924) do deputado Azevedo Macedo. “O projeto pretende instituir o voto secreto nas eleições estaduais e municipais, ou antes o processo para votar secretamente, pois o voto secreto já existe em nossa legislação eleitoral /.../.) As comissões reunidas não são adversárias do voto secreto, ao contrário, pensam que lhe permite que o direito do voto seja exercido com a maior liberdade moral; porém acham que ainda não estamos suficientemente preparados no presente para adotarmos, como aliás confessou o próprio subscritor do projeto”. Os deputados se posicionam então contra o voto secreto, um instrumento mais democrático e a favor do eleitor, especialmente no interior do Estado, quando a influência e o controle dos “coronéis” é maior. Mas isso não estava nos planos da classe política da República Velha... Ainda em 1925, no mês de agosto, consta em “O Dia” (368) que o jornal apoia a indicação dos coronéis TSG, Benjamin Leite e Lisímaco Costa como delegados dos nossos municípios à Convenção Nacional (do PRP). Em 1926, o deputado TSG foi eleito presidente do Congresso Legislativo do Estado. É o que informa “O Dia” de 5 de fevereiro sobre a eleição da mesa desse Congresso, “que deve dirigir os trabalhos da sessão legislativa deste ano”. O 1º secretário será o Dr. Antônio Diniz do Faro Sobral. Mas no final desse mesmo mês consta em “O Estado do Paraná” que o cel. TSG renunciou ao cargo de presidente do Congresso Legislativo do Estado (369). Conforme se depreende de nota publicada em “O Dia” de 4 de setembro (370), o Governo do Estado passa a priorizar o porto de Paranaguá em detrimento do de Antonina em suas ações. Além de realizar obras naquele porto, adota medidas que colocam o porto de Paranaguá “em situação de privilegiado, em compensação às desvantagens da desequiparação ‘quilométrica para os efeitos das taxas tarifárias da estrada de ferro’”. Isso, segundo o jornal, gera descontentamento no deputado governista TSG. Ele “é absolutamente contrário às medidas governamentais com que se procura asfixiar a sua Antonina”. Em 1927, conforme o “Diário da Tarde” de 5 de janeiro, o deputado TSG integra a comissão de Fazenda do Congresso do Estado. Em 23 de janeiro “O Dia” publica nota do diretório central do PRP, que inclui TSG como um de seus integrantes signatários. O diretório apresenta a chapa dos candidatos do partido a senador e deputados à Câmara Federal para a eleição de 24 de fevereiro próximo (371). Em 5 de março, o “Diário da Tarde” (372) faz uma referência irônica aos bigodes de TSG. Na coluna intitulada “Congresso do Estado”, que contém comentários informais sobre os deputados, menção ao cel TSG, “que afagava os bastos bigodes, ‘negros como a asa da graúna’”. TSG, então com 73 anos, devia pintar os bigodes... (aliás, como se viu, em uma publicação antiga, ele já fora referido certa vez como “Gererê pintado”, alusão também ao título de uma de suas peças...). “O Dia” era jornal de oposição ao governo estadual. No final de junho de 1927, consta em suas páginas (373) que o Presidente do Estado (Caetano Munhoz da Rocha) indicou TSG, “inspetor de rendas aposentado”, e outras quatro pessoas como “testemunhas de acusação” no processo que move, por crime de injúria, contra o Dr Júlio Hauer, diretor de O Dia, por causa de um artigo crítico relativo à gestão das finanças públicas estaduais. Em julho, no dia 9, “O Dia” o jornal publica sob o título irônico “Vai começar a comédia quatrienal...”, -- que por si só é uma crítica ao processo de escolha de candidatos na República Velha – a circular que o diretório central do PRP (do qual TSG é um dos integrantes) enviou aos diretórios locais pedindo a indicação de seu delegado à Convenção a realizar-se no próximo dia 31 para a escolha dos candidatos do partido a Presidente e Vice-Presidente do Estado no quadriênio 1928-1932 e dos deputados ao Congresso Legislativo no biênio 1928-1929. As eleições serão realizadas no dia 4 de setembro próximo, conforme decreto do presidente do Estado (374). No final de julho, o oposicionista “O Dia” volta à carga (375), criticando o sistema de escolha dos candidatos. Segundo ele, como se aproxima o dia 31, da convenção do PRP, “em que os ‘convencionais’ de bobagem irão fingir que ‘escolhem’ os deputados ao Congresso Legislativo do Estado”, o jornal arrola 30 nomes “aceitáveis” para o Congresso. Um deles é TSG. Outros: Romário Martins, Lisímaco Costa, Azevedo Macedo, Pamphilo d’Assumpção etc. Mas o jornal conclui assim a matéria: “Se houvesse eleições de verdade, a nossa chapa – escusado é dizê-lo – salvo raríssimas exceções, diferiria integralmente da citada”. Em outubro, “O Día” (376) menciona TSG num comentário sobre o Congresso Legislativo estadual. O jornal divide os deputados, seguindo a opinião de um “velho político”, entre munhozistas (partidários de Caetano Munhoz da Rocha) e afonsistas (partidários de Afonso Camargo), ambos os grupos com 13 deputados cada. Os outros 4 deputados -- um dos quais, TSG -- acompanham a maioria. No final de 1927, em 1º de dezembro, o “Diário da Tarde” informa sobre uma reunião do Partido Republicano realizada na casa de Generoso Marques, em que foram escolhidos os nomes para a nossa representação federal. Para senador, Ubaldino do Amaral. Para deputados, cel. TSG, cel. Belarmino Mendonça e Manoel Correia de Freitas. No mesmo jornal, na edição de 22 de dezembro, o nome do cel..TSG, “deputado estadual”, consta da relação das pessoas que compareceram ao palácio Rio Branco por ocasião da recepção dada pelo presidente Caetano Munhoz da Rocha em comemoração ao 74º aniversário da emancipação política do Paraná (377). “O Dia” menciona TSG novamente só em março de 1929 (378), numa numa crônica satírica, assinada por Eloy de Montalvão (Alceu Chichorro), sobre uma (suposta) encenação da ópera “Il Guarany”, de Carlos Gomes, “primo do cel. TSG”, segundo o seu título. A representação foi levada a efeito ontem “pela companhia lírica do Legislativo”. TSG é citado mais duas vezes na matéria. Na primeira, consta que ele desempenhou o papel de “Il Cacico, ca´po dela tribu degli Aimoré”. Outras personalidades locais desempenharam os diversos papéis da ópera. A segunda citação está nesta passagem: “ /.../ passo um ‘rabo de arraia’ (daqueles que o coronel Theophilo passou, na chegada no Varella, quando lhe fincaram uma bengalada) ” . A crônica conclui assim: “Para hoje está anunciada a grande opereta cômica ‘A eleição das misses do Congresso’”. Desde o início de 1929 -- ou antes disso, mas não posso afirmar, uma vez que o acervo digitalizado de “A República” a que tive acesso não inclui o período de 1922 a 1928 – esse jornal publica atas do Congresso Legislativo do Estado, o que nos permite ter uma ideia da atuação do deputado TSG no período. Em 1º de fevereiro instalou-se tal Congresso, em sua 2ª Sessão da 19ª Legislatura. Menção ao deputado TSG designado pelo presidente para integrar comissão que deveria recepcionar no recinto algumas autoridades (379). Na edição de 2 de março (380), o jornal publica a Ata da 1ª Sessão Preparatória da 2ª Sessão da 19ª Legislatura, em 27 de janeiro de 1929, em que o presidente Romualdo Baraúna designa o deputado TSG para integrar a Comissão de Constituição e Justiça. Essa Comissão é integrada também pelos deputados Manoel de Oliveira Franco e João Antônio Xavier. Também a Ata da 4ª Sessão Preparatória, de 30 de janeiro de 1929, que inclui o parecer da Comissão de Constituição e Justiça, assinada por esses três membros, considerando regular e recomendando a aprovação da eleição, realizada em 21 de junho de 1928, de seis deputados ao Congresso Legislativo do Estado. Nessa legislatura de 1929, conforme as atas e outras matérias publicadas em “A República” sobre as atividades do Legislativo estadual, o deputado TSG posicionou-se relativamente aos seguintes projetos: -TSG é um dos signatários de um projeto de decreto legislativo que cria o cargo de Escrivão do serviço eleitoral na Comarca da Capital (381) -TSG é um dos signatários de um projeto de decreto legislativo que autoriza o poder Executivo a entrar em acordo para a solução de ações judiciais relativas a honorários médicos (382) -Na ata da sessão do Congresso Legislativo realizada em 8 de fevereiro de 1929 consta projeto de decreto legislativo, proposto por Ermelino de Leão e TSG, que autoriza o governo do Estado a despender até cinquenta contos de réis para a construção de um edifício em Antonina destinado à instalação de um Jardim da Infância (383) -Conforme ata da sessão de 15 de fevereiro de 1929 do Congresso Legislativo, TSG foi um dos signatários de um projeto que autoriza o Governo do Estado a auxiliar com 30 contos de réis a Câmara Municipal de Carlópolis para a construção de um prédio a ser utilizado pela Câmara, Fórum e Cadeia Pública. Na ata da sessão do dia 16 de fevereiro de 1929, também aí publicada, consta que TSG foi um dos deputados (e membro das comissões) que assinaram requerimento das comissões reunidas de Fazenda e Constituição e Justiça pedindo informações ao Governo sobre a solicitação de auxílio pecuniário, a título de empréstimo, da Faculdade de Engenharia do Paraná destinado à manutenção do curso de Química Industrial. TSG, como membro de comissão, também assina outro requerimento pedindo informações ao Executivo sobre a solicitação da prefeitura de Guaraqueçaba no sentido de obter um auxílio de cinquenta contos de réis para a conclusão da amurada do cais de seu porto. Na mesma ata ainda consta que TSG subscreveu projeto de decreto legislativo que referenda um decreto do Executivo sobre a fixação da Força Militar para 1928 e 1929. Além desse, subscreveu outro projeto de decreto legislativo que autoriza o Poder Executivo a entrar em acordo com os governos dos Estados exportadores de madeira a fim de promover a sistematização da produção, preparo e tratamento da madeira. Também o autoriza a entrar em acordo com o Sindicato de Madeiras do Brasil a fim de transformá-lo em um instituto de proteção, defesa, propaganda e regularização da madeira destinada à exportação, ou a criar um instituto especial com as mesmas finalidades e atribuições (384) -Na ata do dia 18 de fevereiro de 1929 do Congresso Legislativo consta que TSG foi um dos signatários do parecer nº 3, das Comissões de Fazenda, Constituição e Justiça e Força Pública, sobre o pedido do cel Joaquim Antonio de Moraes Sarmento para melhorar sua aposentadoria. Também foi signatário do parecer nº 4 sobre pedido de outra pessoa para contagem de tempo a fim de melhorar sua reforma; do parecer nº 5 indeferindo requerimento de um funcionário da Policia Civil; do projeto nº 7 que autoriza o poder Executivo a importar sementes ou mudas de essências que possam tornar-se sucedâneas da “araucaria brasiliensis” e a promover a cultura de espécies indígenas como a imbuia. Na ata do dia 19 consta que TSG foi signatário do parecer nº 6, sobre o auxílio de duzentos contos de réis pedido pelo CoritibaFoot-Ball Club destinados à construção do seu estádio no Alto da Glória. O auxílio seria sob a forma de empréstimo sem juros. O parecer manda o Coritiba aguardar oportunidade mais conveniente. Também do projeto nº 10, que aprova o Regulamento da Secretaria de Estado dos Negócios do Interior, Justiça e Instrução Pública (385) -Conforme ata da sessão de 8 de fevereiro de 1929 do Congresso Legislativo, TSG foi signatário do parecer nº 2, das Comissões de Constituição e Justiça e Fazenda, sobre a petição do dr. João de Menezes Dória que em 1922 acionou o Estado para haver a quantia de 150:000$000 proveniente de serviços profissionais prestados ao general Jorge dos Santos Almeida, cuja herança jacente foi arrecadada pelo Estado. Como o Supremo Tribunal declarou que podiam ser penhorados os bens do seu espólio, as Comissões entendem que o acordo proposto deve ser aceito, e para esse fim já apresentaram projeto de lei (386) -Na ata da sessão do Congresso Legislativo realizada em 20 de fevereiro de 1929 consta o parecer das Comissões reunidas de Constituição e Justiça e Fazenda favorável ao requerimento da Prefeitura Municipal de Rio Negro. Assim, inclui o projeto nº 11, de decreto legislativo, autorizando essa Prefeitura a lançar um empréstimo de 100:000$000, destinado ao serviço de estradas e outros melhoramentos urbanos. TSG é um dos signatários desse projeto (387) -Conforme ata da sessão do Congresso Legislativo realizada em 21 de fevereiro de 1929, TSG é signatário do parecer nº 7 das comissões de Constituição e Justiça e Fazenda negando aprovação à solicitação de um cidadão aposentado pedindo contagem de um tempo de 2 anos para melhorar sua aposentadoria. É também signatário do projeto nº 13 que cria na Secretaria do Congresso Legislativo os cargos de bibliotecário, de auxiliar de bibliotecário e de auxiliar de taquígrafo, com os vencimentos anuais, o primeiro de 2:400$000 e os demais com 1:800$000 (388) -Conforme ata da sessão do Congresso Legislativo realizada em 22 de fevereiro de 1929, TSG é um dos signatários da introdução ao plano de lei que aí consta (projeto nº 14), elaborado pelas Comissões de Constituição e Justiça e Fazenda, relativo à administração policial do Estado, dividindo o seu território em zonas policiais e entregando cada uma delas a um delegado regional, que deve ser bacharel em direito, assim como os delegados da Capital e delegados especiais (389) -Conforme ata da sessão do Congresso Legislativo realizada em 27 de fevereiro de 1929, TSG é um dos signatários do parecer nº 8, das Comissões de Fazenda, Constituição e Justiça e Instrução Política, que indefere requerimento de um professor da Colônia Dona Gertrudes, município de Ponta Grossa, no qual solicita doze meses de licença para tratar de seus interesses (o Governo já é autorizado por lei a conceder licença). Também é signatário do projeto nº 15, que autoriza o Poder Executivo a mandar construir na vila de Reserva um grupo escolar e um edifício destinado ao fórum, além de autorizá-lo a auxiliar o município de Reserva com a quantia de trinta contos de réis para a construção de um prédio destinado ao Paço Municipal (390) -Conforme ata da sessão do Congresso Legislativo realizada em 28 de fevereiro de 1929, TSG é signatário do projeto nº 16, de decreto legislativo, que autoriza o Poder Executivo a auxiliar até a quantia de 50 contos de réis o Asilo S.Vicente de Paula, de Ponta Grossa, para construção de pavilhões destinados ao abrigo de velhos e órfãos desamparados (391) -Conforme ata da sessão do Congresso Legislativo realizada em 1º de marçode 1929, TSG é um dos signatários de um parecer das Comissões de Fazenda, Constituição e Justiça e Agricultura, Comércio e Indústria favorável a emendas ao projeto nº 9. Assim, áreas que forem reflorestadas com 20% de mudas de imbuia gozarão a isenção total do imposto territorial correspondente a cem vezes mais que a área cultivada. O Governo fica também autorizado a adquirir terras particulares ou reservar terras devolutas em zonas onde forem abundantes mudas e arbustos de imbuiaa fim de formar reserva florestal dela. TSG é também signatário, como membro de comissão, do projeto nº 17, que autoriza o Poder Executivo a isentar do imposto de transmissão de propriedade as sociedades ou associações esportivas na aquisição de terrenos para campos ou praças de esportes. Também do projeto nº 18, que transfere o município de Assunguy de Cima para a Comarca de Curitiba e o Termo da Reserva para a Comarca de Ponta Grossa (392) Nas edições de “A República de 21 e 22 de setembro (393), é publicado Boletim Eleitoral em que o Diretório Central do Partido Republicano Paranaense(do qual TSG é um dos 9 membros, juntamente com Carlos Cavalcanti de Albuquerque e Caetano Munhoz da Rocha) apresenta, para o pleito de 27 de outubro, seus candidatos a deputados ao Congresso Legislativo para o biênio 1930-1932. Dentre os 26 nomes arrolados consta o de TSG, “Proprietário, residente em Curitiba”. Consta também o do poeta Tasso da Silveira, “Advogado, residente no Rio de Janeiro”. Ainda em setembro, o jornal (394) publica manifestações de apreço ao presidente Afonso Camargo pelo seu natalício. Consta aí o telegrama de TSG, nestes termos: “Curitiba- Terceira recaída gripe me priva infelizmente ir abraçar-lhe com os melhores votos de felicidade e prolongação da sua útil e muitíssima necessária existência- Theophilo Soares”. Na mesma página, acima dessa mensagem, consta outra, de Sílvio van Erven, major comandante interino do Corpo de Bombeiros. Na edição de 29 de novembro de “A República” (395) consta o resultado da apuração geral dos votos nas eleições realizadas em 27 de outubro último para 30 deputados ao Congresso Legislativo Estadual. TSG ficou em 9º lugar com 25.134 votos (o mais votado obteve 30.695 votos). Há pouca variação no nº de votos entre os candidatos. Os vinte e seis primeiros mais votados obtiveram entre 30.695 e 24.438 votos (Tasso da Silveira obteve 24.973 votos). Nessa época, Heitor Soares Gomes era prefeito de Antonina. O jornal publica uma mensagem dele à Câmara do município por onde obtemos a informação de que existia uma praça na cidade com o nome de “Cel. Theophilo” (396). Em 1º de março de 1930 haverá eleições para senador e deputados federais. “A República” de 7 de janeiro desse ano (397) publica um “Boletim Eleitoral” assinado pelos nove membros (inclusive TSG) do Diretório Central do PRP dirigido aos diretórios municipais. Nele se transcreve a circular que lhes foi enviada pedindo a indicação do delegado do diretório municipal à Convenção que se realizará em 12 de janeiro próximo e deverá escolher os candidatos do Partido na eleição de 1º de março vindouro de um senador e de deputados federais para a legislatura de 1930-1932. A “comédia” continua... Conforme a edição de 16 de janeiro do jornal (p. 3), a Convenção escolheu Carlos Cavalcanti para senador e para deputados Lindolpho Pessoa, Plínio Marques, João Moreira Garcez e Arthur Martins Franco. Já o “Diário da Tarde” (398) informa que foi o Diretório Central do PRP quem definiu esses nomes (não a Convenção). Em 19 de janeiro, “A República” (399) publica outro Boletim Eleitoral do PRP, assinado por TSG e outros membros do Diretório Central, fazendo apelo aos correligionários para prestigiarem nas urnas os nomes de Júlio Prestes e Vital Soares, candidatos a presidente e vice-presidente da República relativamente ao quadriênio 1930-1934. Como se sabe, eles foram eleitos mas não tomaram posse, devido à revolução irrompida em outubro de 1930 liderada por Getúlio Vargas. No último dia desse mês de janeiro de 1930, “A República” (400) informa que se realizou a 5ª sessão preparatória do Congresso Legislativo do Estado. Transcreve o parecer da Comissão desse Congresso que considera regular a eleição realizada em 27 de outubro de 1929 e recomenda que sejam “reconhecidos e proclamados” os candidatos aí arrolados que obtiveram maioria de votos e foram diplomados. TSG é um deles (portanto, quando ocorreu a Revolução de 1930, TSG exercia o mandato de deputado estadual). Em 1º de fevereiro, “O Dia” (401) publica matéria sob o título “Os deputados estaduais em balanço” em que tece comentários sobre cada um deles. Sobre TSG, classifica-o como “afonsista” (partidário do presidente do Estado Afonso Camargo). Diz que, pelo seu estado de saúde, não deve comparecer tão cedo às sessões do Congresso (TSG contava então 76 anos). . Na edição de 18 de fevereiro, consta matéria em “A República” sobre as caravanas realizadas no interior do Estado pela Bandeira Paranaense pró Júlio Prestes-Vital Soares. Estiveram em Paranaguá, Guaraqueçaba, Antonina, S.José dos Pinhais, Campo Largo, Ponta Grossa. Em Antonina, no teatro Municipal, houve um grande comício, com a participação do prefeito Heitor Soares. Depois, houve um “lauto ágape” na residência de Ermelino de Leão. Aí, o jornalista Caio Machado brindou, na pessoa do prefeito, “o venerando paranaense” cel. TSG, por seu natalício ocorrido recentemente. Por outro lado, na edição de 27 de fevereiro, o jornal transcreve este telegrama de TSG dirigido ao presidente Afonso Camargo: “Curitiba, 25- Na impossibilidade de ir incorporado a Palácio, com os demais deputados, venho por este meio felicitar o eminente chefe pela passagem do segundo aniversário do seu festejado governo de paz e liberdade.- Theophilo Soares” (402). Ainda em 1930, antes da Revolução, consta uma nota que nos interessa em “O Diário da Tarde” de 15 de setembro (403). Sob o título “Coronel Theophilo Soares Gomes”, t rata da homenagem que lhe foi prestada em regozijo pelo seu restabelecimento após longa enfermidade. Informa o jornal que às 17 horas de horas de “anteontem”, sábado, reuniu-se na praça Tiradentes a Banda Musical dos pequenos do Abrigo de Menores e dali partiu para a residência de TSG juntamente com seus amigos e admiradores. O major Octavio Secundino, e outros, fizeram discursos. TSG agradeceu a visita. Aos presentes foi oferecida uma mesa de doces e finas bebidas. No mês da Revolução de 1930 (que iniciou em 3 de outubro), duas edições de “O Dia” mencionam TSG. A primeira, do dia 23, publica crônica de Eloy de Montalvão (pseudônimo de Alceu Chichorro) em que este afirma que foi convidado por TSG (“cuja amizade eu sempre prezei e prezarei”), em nome de Afonso Camargo, para fazer parte do corpo redatorial de “A República”, “órgão oficial do ex-PRP”. Mas que recusou (por divergir politicamente de Afonso Camargo, subentende-se). O cronista afirma ainda, en passant, que é filho de Chichorro Jr. que, como sabemos, participava do mesmo grupo político de TSG. A outra edição do jornal é do dia 25 e publica decretos do general Mário Tourinho, chefe do Governo Provisório do Estado. Um deles afeta TSG, integrante da classe política dominante contra a qual a Revolução se fez. É o decreto que exonera TSG “do cargo de fiscal do governo do Estado junto ao Banco de Curitiba” e nomeia Alfredo Dulcídio Pereira, diretor do Departamento da Fazenda, para exercer tais funções (404). Alguns anos mais tarde, em 1934, sob o título “Programa das solenidades da Semana Santa em Curitiba”, “O Dia” (405) publica a relação das pessoas encarregadas de “fazer guarda ao Santíssimo Sacramento e às imagens do Senhor Morto e de Nossa Senhora das Dores”, que inclui Manoel Ribas e seus secretários. Na relação das que farão guarda na Quinta-Feira Santa, 29 de março, das 13:30 às 14:00 horas, constam os nomes do cel. TSG e do cel Sílvio van Erven (reuniu-se aqui o filho de Manoel Soares Gomes com o marido de sua neta, Arabela). No ano seguinte, o “Diário da Tarde” (406) noticia o casamento da srta.Zilita Carvalho com Douglas Soares Hintz (neto de TSG), “comerciante desta praça”, filho do Dr..Adolar Hintz e sua esposa, Sara Gomes Hintz. TSG faleceu em 26 de abril de 1935, aos 81 anos (407). No “Diário da Tarde” de 29 de abril (408) consta a notícia do falecimento, ocorrido “ontem” (sic), do cel. (TSG, figura de relevo na política estadual e elemento de prestígio nas hostes do PRP, onde militou por vários anos /.../ O extinto ocupou em 1894, no período da revolução, o cargo de Governador do Estado e exerceu por vários anos, com sobranceria, o mandato de deputado estadual. Na política de Antonina, onde era chefe estimado e respeitado, exerceu as funções de Prefeito Municipal em diversas legislaturas (sic) /.../ era casado com a sra d. Maria Araújo Soares Gomes, recentemente falecida, e deixa dois filhos, dr. Heitor Soares Gomes, residente em Antonina e d. Sara Soares Hintz, casada com o dr. Hengreville Hintz, e três netos, Douglas Soares Hintz, casado com d. Zilda Carvalho Hintz, e Milton e Rosinha, solteiros. O sepultamento /.../ realizou-se ontem /.../, saindo o féretro da rua Fontana para o Cemitério Municipal /.../” (Francisco Negrão, na “Genealogia Paranaense”, refere-se ao marido de Sara, mencionado como Adolar de Hegreville Hintz, e aos filhos deles, Douglas, Milton e Maria Rosa). . A esposa de TSG, d. Maria Rosa, falecera nove dias antes, em 17 de abril. É o que informa o “Diário da Tarde”, que também noticiou o seu falecimento. Na nota, consta o endereço completo da saída do féretro: rua Fontana nº 143 (409). . Nos “Anais da Assembleia Constituinte do Paraná” de 1935 (v. 3, p. 122-124) consta menção ao voto de pesar proposto, na sessão de 29 de abril de 1935, pelo deputado “pessedista” Caio Machado relativo ao falecimento do ex-presidente do Congresso Legislativo TSG, cuja terra natal era Antonina. O deputado Lindolfo Pessoa, da União Republicana, tambémfavor do voto de pesar assim como o deputado Gomes Pereira.
Fotos: Prefeitura Municipal de Antonina (em cima) e Palácio do Congresso Estadual em Curitiba (embaixo).

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