sábado, 3 de agosto de 2019

VIII. O DRAMATURGO THEOPHILO

TSG, na opinião do historiador Rocha Pombo, foi uma “bela vocação literária, desviada para a política. Escreveu alguns dramas, representados com sucesso em teatros do Paraná” (410). O interesse pelo teatro já estava presente na família em que ele nasceu. Isso certamente ajuda a compreender porque o jovem TSG logo se voltou para essa atividade artística, principalmente como autor de vários dramas, muito elogiados na época. Como se verá abaixo, ele também atuou como ator e “ensaiador”. Já em janeiro de 1875 -- quando TSG ainda não completara 21 anos -- seu tio Joaquim Soares Gomes, como sócio do Club Literário de Paranaguá, foi designado para integrar comissão encarregada de selecionar dramas que os associados representariam no Teatro Paranaguense (411). No “Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Província do Paraná” de 1876 (412), consta que o importante comerciante de Paranaguá Joaquim Soares Gomes integra uma comissão de 5 membros nomeada para formar a companhia da “Sociedade Teatral Thalia Paranaguense”, “com capital de 10:000$000, dividido em 200 ações de 50$000”. Dessa comissão também fazem parte Manoel Antônio Guimarães (futuro Visconde de Nácar), Presciliano da Silva Correia e outros. Alguns anos mais tarde, em 1884, quando Theophilo já contava 30 anos, uma entidade similar é fundada em Antonina, a Sociedade Recreio Dramático de Antonina, e Theophilo será seu primeiro presidente (413). Conforme essa fonte, no acervo do Arquivo Público do Paraná consta um ofício, datado de 3 de janeiro de 1884 dirigido por Theophilo, presidente daquela Sociedade, ao presidente da Província Oliveira Bello. Em pesquisa lá realizada, consultei esse ofício, onde TSG afirma que aquela Sociedade resolveu aplicar a receita de seus espetáculos, até perfazer a soma de 500$000 réis, em benefício das “crianças indigentes”, o que foi noticiado pelo “Dezenove de Dezembro” (414). Alguns meses mais tarde, outra edição do DD (415) publica relatório de João Manoel Ribeiro Vianna, chefe da superintendência da 4ª circunscrição do Ensino Obrigatório, em Antonina, dirigido ao presidente da província, em que menciona o major TSG. Dele recebeu “a quantia de 100$000 em conta dos 500$000 oferecidos pela digna sociedade teatral Recreio Dramático como auxílio ao ensino obrigatório desta circunscrição”. Informa que a quantia foi aplicada no vestuário de crianças indigentes e que para esse fim tem conseguido outros donativos. O correspondente do “Dezenove de Dezembro” informa que teve lugar em Antonina no dia 23 de fevereiro de 1884 “a exibição do drama ‘Milagres de N.S.do Pilar’ e da comédia ‘Lobisomem’, produções do nosso comprovinciano Theophilo Soares Gomes. O drama que este distinto amador dramático nos deu em espetáculo é uma peça onde se pode estudar e analisar o caráter artístico do autor. Cheio de imaginação, de cenas completamente arrebatadoras, de mutações e apoteoses maravilhosas, o Sr. Gomes nos ofereceu uma bela produção literária, onde tivemos mais uma vez o prazer de admirá-lo como amador no desempenho do seu papel. Esperamos que brevemente o Sr. Soares Gomes nos brindará com segunda amostra do seu gênio dramático” (416). Em novembro de 1884, o drama “Os Milagres...” já fora publicado em livro pois é mencionado na secção “Livros e jornais” do “Dezenove de Dezembro” neste comentário de um crítico anônimo: “Recebemos e agradecemos os seguintes: -‘Os milagres de N.S. do Pilar ou a vingança de Badichô’, drama fantástico, produção do nosso hábil patrício Sr. Theophilo Soares Gomes. Não somos apreciadores das mágicas trabalhadas para simples efeito óptico, e o teatro moderno tem-se delas expungido. sem saudade. A vida real oferece ao drama as únicas cenas de inestimável valor e hoje como ontem a missão do dramaturgo é, como leciona Shakespeare, apresentar um espetáculo à natureza. Não podemos, entretanto, deixar de cumprimentar na sua estreia dramática o Sr. Soares Gomes pelo modo brilhante com que se apresentar.” (417) Conforme Maria Thereza Lacerda, “Os Milagres de N.S. do Pilar” impressionaram, vivamente os espectadores. Esta peça iniciou longa carreira através dos palcos paranaenses” (418). A mesma autora informa que tal peça já fora encenada em Antonina em março de 1884, tendo Soares Gomes como ator. Também em novembro de 1884, no dia 27, consta no DD anúncio de dois espetáculos no teatro S.Theodoro -- antigo nome do teatro Guaíra, em Curitiba -- a cargo da SDP Grupo de Amadores. Inicialmente, será levado à cena o drama em quatro atos “Gaspar, o Serralheiro”; depois, “a chistosa comédia em um ato do simpático amador Theophilo Soares Gomes, denominada O Lobisomem” (419). Ainda em 1884, Theophilo envia ao Conservatório Dramático Brasileiro, no Rio de Janeiro, “Os Milagres /.../”, conforme o poeta Tasso da Silveira que o considera “o fundador da literatura dramática no Paraná”. Expressa-se sobre Theophilo nestes termos: “nascido aliás em S. Catarina (sic), mas tendo vivido toda uma longa vida em terra paranaense, já em 1884 submetia ao julgamento do Conservatório Dramático Brasileiro (Rio) seu drama Milagres de N. Sra. do Pilar, no qual reconheceu originalidade e vocação para o gênero o Barão de Paranapiacaba. Outra peça de Teófilo Soares Gomes, Gererê, ou o Quilombo do Sargento, drama em quatro atos, submetido igualmente ao juízo daquele Conservatório, alcançou consagração verdadeira. A vida política roubou à grande arte o melhor das atividades do dramaturgo que, no entanto, ainda produziu outras peças” (420). As peças de TSG também foram apresentadas fora da província do Paraná. Uma edição do DD de 6 de junho de 1888 publica nota sobre a representação da comédia “O Lobisomem” “do nosso inteligente comprovinciano e amigo tenente-coronel Theophilo Soares Gomes” no Desterro (atual Florianópolis) por uma sociedade de amadores, sendo “freneticamente aplaudida” (conforme noticiou o “Jornal do Commercio”, do Desterro, “de 2 do corrente”). O DD diz ainda que as duas composições teatrais de TSG – “Os Milagres /.../ ou a Vingança de Badichô”, drama, e “O Lobisomem”, comédia – têm sido muito bem recebidas onde foram apresentadas. Diz ainda que ele prepara uma nova peça teatral (421). Um ano mais tarde, em 1889, consta no DD (422) anúncio do espetáculo a ser apresentado no sábado, 29 de junho, às 8 ½ da noite, no teatro S. Theodoro, em Curitiba, pela Sociedade Dramática Popular--“Os Milagres de N.S. do Pilar ou A Vingança de Badichô”, dirigida pelo amador Gustavo Pinheiro, com a presença do presidente da Província (Jesuíno Marcondes). Afirma-se aí: “/.../ subirá à cena pela primeira vez nesta cidade /.../ produto da laureada pena do nosso ilustre e inteligente comprovinciano tenente coronel Theophilo Soares Gomes”. Dentre os diversos atores, participam do espetáculo Alcibíades Plaisant, Nestor de Castro, Antônio Braga e outros. O papel de Badichô será interpretado pelo ator Alfredo Peixoto -- que veio a Curitiba unicamente para essa finalidade, conforme o DD (423) --, o do Lobo do Mar por Gustavo Pinheiro e o do Conde Artoff por Mário Corrêa. A peça contém 1 prólogo, 3 atos e 8 quadros (ver no “Anexo” a este capítulo resumo de seu enredo). O DD de 1º de julho (424) publica matéria elogiosa sobre a representação dessa peça, no dia 29 de junho. Também o de DD de 3 de julho (425) refere-se a ela. Afirma-se aí: “O drama há dias representado no São Theodoro, e que foi tão delirantemente aplaudido, é obra do Sr. Theophilo Soares e faz imaginar quanto há de valer para as nossas incipientes letras o talento do simpático paranaense”. O DD de 8 de julho (426) informa que, no S.Theodoro, será realizada “amanhã” a 2ª representação do “aplaudido drama fantástico ‘N.S. do Pilar’ /.../”. Essa representação foi transferida para o dia 13 de julho (427). O “Dicionário Histórico-Biográfico do Estado do Paraná” assim se refere sobre a atividade teatral de TSG: “/.../ foi desta cidade litorânea (Antonina) que proveio o primeiro e o mais representado dramaturgo paranaense: Teófilo Soares Gomes, presidente da Sociedade Recreio Dramático. Seu grupo viajou para cidades como Curitiba e Lapa, apresentando com sucesso de público e crítica a peça de sua autoria “Os milagres de Nossa Senhora do Pilar ou a Vingança de Badichô”, de 1884. Teófilo Soares Gomes escreveu ainda outros três dramas – “A quiromante”, “Stella” e “Gererê ou O quilombo do sargento” (1883) – e três comédias: “O lobisomem”, “Oh, ferro!” e “Xisto numa república de estudantes”. As comédias seguem a tradição de Martins Pena na concepção de personagens, na dialogação e nas situações. Os dramas, como “Gererê”, fazem a apoteose da honra e a exaltação da virtude e da bondade cristãs, castigando os infiéis e os criminosos, numa dualidade maniqueísta que tem em “Os milagres de Nossa Senhora do Pilar” um exemplo perfeito. Esta peça, por incluir cenas de transformações miraculosas – espadas tornam-se flores, túmulos e barricas surgem do nada em cena aberta – filia-se à forma teatral conhecida como mágica, muito apreciada no período entresséculos no Brasil. As personagens, situações e a solução dramática dos conflitos apenas confirmam os modelos românticos do período.” (428). Aparentemente há aqui um equívoco. Conforme matéria publicada em “A República” de 2 de abril de 1899, referida abaixo, e outras, TSG é autor de uma peça chamada “Estela, a quiromante”, e não de duas distintas, como consta na citação acima. Segundo Sebastião Paraná as peças de TSG eram editadas no Rio de Janeiro, nas livrarias Cruz Coutinho e J. Ribeiro dos Santos (J é abreviação de Jacinto) (429). O Dicionário citado acima, em outro verbete, afirma que “as duas únicas obras localizadas nos acervos paranaenses “ são “Os milagres de Nossa Senhora do Pilar ou A vingança de Badichô” (1884) publicada pelo “Dezenove de Dezembro”, e “Xisto numa república de estudantes” (li ambas na Biblioteca Pública do Paraná/ Documentação Paranaense, a primeira em versão manuscrita). “O citado drama (“Os milagres..”) pode ser considerado a primeira peça publicada no Paraná” (p. 197). “Os milagres...”, ao contrário do que poderia parecer, não é um drama ocorrido em Antonina, que é apenas referida de passagem, assim como sua padroeira. A peça, na realidade, conforme esse Dicionário “é estruturada para atender ao gosto de um público acostumado com a estrutura folhetinesca, e, portanto, acostumado a ver na peripécia o elemento central de seu interesse, em detrimento de maiores preocupações com a verossimilhança.” (430). “A Galeria Ilustrada” de dezembro de 1888 traz matéria sobre TSG. Inclui gravuras dele e de seu engenho de arroz em Antonina (“o único em seu gênero na província”, com máquinas italianas. Beneficia 20 mil sacas de arroz anualmente e emprega 50 pessoas). TSG é elogiado não só como importante industrial mas também como “um dos melhores literatos paranaenses”, autor de duas obras dramáticas— “A Vingança de Badichó” e “O Lobisomem” (431). No ano seguinte, em abril, a mesma revista informava que Gustavo Pinheiro pretendia encenar o drama fantástico “Milagres de N. Sra do Pilar” no teatro S. Theodoro, em Curitiba. O drama já obtivera sucesso no teatro Aurora, de Antonina (432). Aquela intenção do “amador sr. Gustavo Pinheiro” de encenar o drama “Milagres...” no teatro S.Theodoro se concretizou, como vimos, em 29 de junho de 1889. Também o “Sete de Março” noticiou sua representação nesse dia (433), além do “Dezenove de Dezembro” já referido. Em 12 de março de 1893 foi encenada, em Paranaguá, a peça “Gererê ou o Quilombo do Sargento”, elogiada numa coluna do jornal “O Commercio” nestes termos (apud “Galeria Paranaense”, de Sebastião Paraná): “Gererê é uma criação de mérito. Em todas as cenas há um interesse palpitante, vivo e luminoso. Seu autor, à par de muito talento artístico, revela um reconhecimento profundo e minucioso do jogo de cena. No drama há um entrechocar contínuo de grandes paixões. Gererê, o protagonista, é um escravo de caráter nobre, que a fatalidade envolve numa rede de circunstâncias tais que trazem em consequência graves injustiças e atrozes dores para o seu caráter límpido e para a sua alma casta. Teófilo Soares faz no decorrer das cenas a apoteose da honra e a estigmatização da iniquidade e do crime. Os diálogos deslizam naturalmente, vívidos, animados, sem exagero de frases declamatórias. Melhor que todas as determinações que possamos fazer, dá ideia do vigor da peça a emoção que muitas vezes imprimia um frisson nervoso nos espectadores.” (434) Essa representação do drama “Gererê” em Paranaguá esteve a cargo da Sociedade Dramática Antoninense, conforme noticiou “A República” (435). 1893 é também o ano de publicação, em Curitiba, pela Companhia Tipográfica, da comédia em 1 ato (e 17 cenas) – “Xisto n’uma República de Estudantes”, conforme verifiquei no exemplar que consta do acervo da Biblioteca Pública do Paraná (o resumo de seu enredo consta no final desta monografia). Em 1894, Dario Vellozo, no “Club Curitybano”, faz um balanço da literatura paranaense. Afirma aí que “/.../) o Lobishomem (1884) do Sr. Theophilo Soares Gomes não é verdadeiramente uma comédia” (436). Essa mesma publicação, em 1896, informa que no dia 25 de abril daquele ano foi levado à cena, no teatro Hauer, o drama brasileiro “O Plebeo”, promovido por alguns sócios do Clube, sendo “ensaiador” o “nosso consócio” Theophilo Soares Gomes (437). Nesse mesmo ano, no final de abril de 1896, “A República” publica anúncio do drama “Gererê ou o Quilombo do Sargento”, de TSG, que será representado no Teatro Hauer, em Curitiba, pela Companhia Dramática Couto Rocha. Trata-se de um drama em 4 atos que se passa no Paraná em 1850 (Gererê é um escravo) (438). Por outra matéria publicada em “A República” (de Vicente Machado), no princípio de 1898, verificamos que Theophilo também atuava como ator nas peças escritas por ele. Sob o título “Commis-voyageur” (que em francês significa “caixeiro viajante”) a matéria, com sugestões críticas, informa sobre apresentações teatrais de “Theophilo Soares” pelo interior (Ponta Grossa e Castro). Afirma que Theophilo é “autor de pavorosos dramas que, com sucesso, têm sido levados à cena no Estado, e nos quais S.S. desempenha sempre o papel de protagonista”. Registra um incidente. Theophilo chegou a Castro “encanecido”: “havia esquecido em Ponta Grossa os ingredientes com que devia fazer de Dr. Fausto...” A nota afirma ainda que “Gererê” é uma “estupefaciente mágica de estilo de 104 antes da era cristã” (439). No ano seguinte, 1899, em 2 de abril, “A República” transcreve crítica, publicada na “Gazeta de Notícias”, do drama “Estela, a Quiromante”, em 2 prólogos e 3 atos, de TSG. O crítico não gostou da fala da linda Estela, pondo as mãos no coração: “Oh! sinto paralisarem-se os latidos do coração!” Além disso, afirma: “O drama todo parece um capítulo de Ponson du Terrail, cheio de assassinatos e de loucos”. (Ponson du Terrail (1829-1871) escreveu muitos folhetins e criou o famoso personagem Rocambole). Segundo “A República”, o drama de TSG devia ter subido à cena “ontem” em Antonina (440). O “Almanach do Paraná” para 1901 comenta assim a atividade dupla de TSG (mas à medida que o século XX avança, passa a predominar a atividade política): “Modernamente surgiu na política paranaense, chefiando as hostes oposicionistas, um distinto antoninense—o Sr. Theophilo Soares Gomes. /.../. Como escritor, Theophilo Soares Gomes dedica-se ao gênero dramático, onde tem obtido triunfos cênicos, notadamente nos dramas “Estella” e “N.S. do Pilar” (441). Entre as pp. 228 e 229 do original (p. 249 da digitalização) o “Almanach” inclui uma gravura de T. Soares Gomes. Ainda nesse início do novo século, “O Sapo”, no artigo “Paraná Literário”, menciona TSG e Libero Braga, considerando-os “dramaturgos de subido mérito” (442). Como se constata pela imprensa, especialmente “A República”, as peças de TSG foram encenadas não só na Capital mas também em cidades do interior. Em 1903, nas notas de Palmeira publicadas em “A República” consta que, “na noite de 18” (de julho), o grupo “Soares Gomes” levou à cena o drama “Julia de Fenestranges” do desembargador Ermelino de Leão, “e a chistosa comédia ‘Oh! ferro!’, ilustre produção da bem aparada pena do nosso talentoso amigo e prestigioso correligionário coronel Theophilo Soares” (443). No mesmo ano, o jornal publica outra nota informando que em Campo Largo, no dia 4 de agosto, foi representado o drama “Gererê”, original do coronel Theophilo Soares Gomes (444). Em 1906, encontrei duas notas relacionadas ao dramaturgo TSG. Uma em “A Notícia”, segundo a qual o grupo filodramático Giovanni Bovio, da sociedade Vittorio Emmanuelle III, levaria à cena no dia 26 de maio o drama “Gererê ou O quilombo do sargento”, de TSG. “A função será abrilhantada pela excelente banda musical da associação e se realizará na sede social da mesma, no Ahu /.../ ”, diz a nota (445). Por outro lado, em junho desse ano, o correspondente de “A República” na Lapa informa que foi levada à cena lá o drama “Milagres de N.S. do Pilar” de TSG. Quem o encenou foi o grupo dramático S. Antônio da Lapa, ex-Esperança (446). Em 1907, nas notas de Campo Largo do jornal consta que o Grupo Dramático Santa Helena se prepara para apresentar no dia 25 de dezembro o drama “Os milagres de Nossa Senhora do Pilar” do coronel TSG (447). . No ano seguinte, 1908, “A República” informa que, pelos amadores do Centro Artístico Curitibano, foi levada à cena, em 23 de maio, no teatro Guaíra, a comédia “Oh! Ferro” de TSG. “Desde o começo da sua representação, até o fim, a comédia “Oh! Ferro” trouxe os espectadores em franco riso” (448). “A República”, que circulou até 1930, publicou ainda outras notas relativas ao TSG dramaturgo: -- em 1911, o jornal afirma que o grupo dramático do Club Macedo Soares, de Campo Largo, levaria à cena em breve o drama “Afronta por Afronta” e a comédia em um ato “O Xisto”, de TSG (449); -- em janeiro de 1913, nas notas de Bocaiúva, consta que o drama “Gererê” e a comédia “Lobisomem”, de TSG, já estavam em ensaios no Club Recreativo Dramático Bocaiuvense (450); em fevereiro, tal entidade já anunciava, para o sábado de aleluia, a representação dessas duas peças (451); -- em 1914, consta que “O grêmio dramático paranaguense ‘Branco Netto’ pôs em cena, sábado passado, /.../ a hilariante comédia Ó Ferro!, trabalho do sr cel Theophilo Soares Gomes” (452); -- em outubro de 1916, o jornal traz uma nota de Antonina, relativa à reativação do grupo dramático Thalma, que está ensaiando uma peça. É mencionado aí TSG, fundador desse grupo dramático (453); em dezembro, informa que no dia 23 o Teatro Municipal de Antonina estreará uma peça em que Flávio Chichorro fará o papel principal. Aquele é o antigo teatro Thalma, “onde tantas vezes a plateia capelista erguia-se em frenesi de entusiasmo quando surgiu no palco a figura simpática e arrebatadora do dramaturgo Theophilo Soares, auxiliado fortemente por Libero Guimarães, Gustavo Pinheiro, Francisco Marçallo, Lauro Loyola, Juca de Nhá C..á (Zé Cadilhe) e outros amadores distintos” (454); -- em 1922, o “Commercio do Paraná” de 10 de março informava que nos primeiros dias de abril o Grupo Lopes Netto levaria no Teatro Guaíra o drama fantástico “Os milagres de N. Sra. do Pilar”, de TSG (455); -- em junho de 1922, sob o título “Crônica de Arte”, “A República” publicou matéria sobre a encenação de uma peça levada a efeito em 12 desse mêspela Companhia Aura Abranches. Esta foi homenageada com a inauguração de uma placa no saguão do teatro Guaíra, em Curitiba (trabalho em bronze de José Peón). Estava presente o cônsul de Portugal e outras pessoas, inclusive TSG, o “decano de nossos escritores teatrais”, que entregou à atriz um ramalhete de flores (456); -- conforme o “Diário da Tarde”, em outubro de 1927 a Sociedade Teatral Renascença instituiu um concurso de peças. O júri era formado por representantes dos jornais (sua redação), do Centro de Letras do Paraná e da Academia de Letras do Paraná. Será presidido presidido por TSG, “decano dos teatrólogos paranaenses” (457). -- em março de 1929, “A República”, na seção “Vida mundana”, informa que na Sociedade Teatral Renascença o Grupo (de amadores) “Cel. Theophilo Soares Gomes” vem ensaiando a peça “Cenas da Miséria” (458); em setembro, consta no jornal artigo memorialista de Octavio Secundino sobre a Festa de Nossa Senhora do Pilar em Antonina. Elogia o prefeito Heitor Soares Gomes (“de larga visão”) e TSG, o pai dele, ao lembrar o “passado triunfante” do teatro Talma com as peças “Os milagres de N.Sra do Pilar”, “O Gererê ou o Quilombo do Sargento”, “Xisto (República de Estudantes)”, “Oh! Ferro!...”, “Estela (a Quiromante)” e “Lobisomem (cenas da roça)”. “Era o teatro educado, instrutivo, escola do aperfeiçoamento, ensinado pelo consagrado e aureolado dramaturgo e comediógrafo brasileiro coronel Theophilo Soares Gomes, figura de relevo no Teatro Nacional e republicano de destaque na política paranaense, natural de Antonina /.../” (459) -- nessa mesma época, também o “Diário da Tarde”, em várias edições, mencionou o nome de TSG. Assim, em março de 1929 publicou matéria sobre teatro no Paraná, referindo-se ao Grupo Teatral Cel. Theophilo Soares Gomes. No mês seguinte, a Sociedade Teatral Renascença comunica aos sócios que o Grupo Teatral Theophilo Soares Gomes apresentará a peça “Cenas da Miséria” no teatro Guaíra. E em maio de 1930, os componentes do Grupo Teatral “Theophilo Soares Gomes” decidiram homenagear seu patrono, “mestre dos amadores de teatro do Paraná”, oferecendo uma fotografia dele à Sociedade Teatral Renascença (460).
Fotos: Theatro Municipal de Antonina.

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